Cerco de Bagé
Cerco de Bagé | |||
---|---|---|---|
Revolução Federalista | |||
Trincheira na Praça da Matriz, em Bagé, 1893 | |||
Data | 24 de novembro de 1893 – 8 de janeiro de 1894[1] | ||
Local | Bagé, Rio Grande do Sul | ||
Desfecho | Vitória republicana | ||
Beligerantes | |||
| |||
Comandantes | |||
| |||
Forças | |||
|
O Cerco de Bagé foi um evento bélico ocorrido na cidade de Bagé, no Rio Grande do Sul, durante a Revolução Federalista, de 24 de novembro de 1893 a 8 de janeiro de 1894.[4] Os republicanos, comandados pelo coronel Carlos Maria da Silva Telles, resistiram ao cerco das forças federalistas durante 47 dias, em um dos mais notáveis episódios da história militar brasileira.[5]
Histórico
Gaspar da Silveira Martins e o General Joca Tavares. |
A Revolução Federalista teve início no Rio Grande do Sul, motivada por insatisfações com o governo de Julio de Castilhos, envolvendo, também, opositores de Deodoro da Fonseca - que fechara o Congresso Nacional em novembro de 1891 - e seu sucessor, Floriano Peixoto, em Santa Catarina, Paraná e no Rio de Janeiro.
Os rebeldes federalistas - assim intitulados por sua vinculação com o Partido Federalista e conhecidos, também, como maragatos - formavam um grupo heterogêneo, liderado por Gaspar Silveira Martins e João da Silva Tavares (conhecido como Joca Tavares). Mal armados, recorreram à guerra de movimento, enfrentando os republicanos - conhecidos como pica-paus - que reuniam efetivos do exército e da Brigada Militar. Com cerca de 10 mil mortos, a Revolução Federalista foi um dos mais sangrentos conflitos civis já ocorridos no país, tornando-se famosa por ter popularizado a degola.
O cerco
Em novembro de 1893, liderados por Joca Tavares, cerca de 3 mil federalistas atacaram Bagé, cercando um efetivo do Exército e provocando o abandono da cidade por uma população estimada em 20 mil pessoas. Os federalistas ocuparam as chácaras do subúrbio da cidade. O Teatro 28 de Setembro, a Beneficência Italiana, o Mercado Público e até os quartéis ficaram sob controle dos maragatos. A exceção foi a praça da Matriz, onde o coronel Carlos Telles defendeu a posição da República à frente de um exército faminto.[6]
Sob o comando do coronel Carlos Telles, os republicanos montaram trincheira na Praça da Matriz, resistindo ao cerco por 47 dias. A notícia de que dois efetivos do Exército se aproximavam de Bagé para socorrer os republicanos fez com que os federalistas se retirassem.
Principal teatro bélico do cerco
A antiga Igreja de São Sebastião foi erguida para abrigar a imagem de São Sebastião, Santo padroeiro de Bagé, alguns anos após a fundação da cidade. A atual Matriz, obra do arquiteto José Obino, datada de 1878 e hoje é uma das principais praças da cidade. Francisco Carlos Martins, pai de Gaspar Silveira Martins, doou uma grande quantia para a construção da nova igreja e, como retribuição, a catedral abriga na base de sua torre direita os túmulos de Gaspar Silveira Martins e sua família.
Em 1893, a catedral e a Praça da Matriz foram palco de grandes acontecimentos, no episódio que ficou conhecido como Cerco de Bagé, quando forças revolucionárias, pretendendo tomar a cidade, obrigaram os chamados republicanos, comandados pelo Coronel Carlos Maria da Silva Telles, a armar a defesa da praça. O templo se transformou em hospital de sangue, enquanto junto às paredes laterais se sepultavam os mortos. A igreja ficou com suas paredes cravejadas de balas. Só a imagem simbolizadora da Esperança, na fachada, não recebeu nenhum projétil. A catedral recebeu nova pintura em 2003, graças ao apoio da comunidade. A Igreja Matriz de São Sebastião é um patrimônio tombado pelo IPHAN[7] e está localizada na Rua Conde de Porto Alegre, 01.
Conclusão
Além de evidenciar a importância estratégica de Bagé, para ambos os lados foi possível averiguar a violência praticada e as consequências numa cidade populosa como Bagé, mesmo à época.[8]
Referências
- ↑ ROSA, Otelo (1930). Júlio de Castilhos: perfil biographico e escriptos politicos. Porto Alegre: Livraria do Globo
- ↑ a b Salis, Eurico J. (1955). Livraria do Globo, ed. Historia de Bagé. [S.l.: s.n.] pp. 283–284
- ↑ a b Moreira Bento, Claudio (1995). «O cerco de Bagé e da Lapa - Duas Resistências Épicas na História Militar do Brasil». A Defesa Nacional (767). pp. 103–118
- ↑ Cléber Eduardo Dias (3 de Setembro de 2013). «O Cerco de Bagé». Jornal Minuano. Consultado em 13 de Setembro de 2014
- ↑ Joari Reis (6 de outubro de 2013). «Na terra de Dom Diogo de Souza». Jornal Diário Popular. Consultado em 13 de Setembro de 2014
- ↑ «Memórias de uma cidade sitiada». Jornal Minuano. 10 de Agosto de 2014. Consultado em 13 de Setembro de 2014
- ↑ «Igreja Matriz de São Sebastião (Bagé, RS)». Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Consultado em 13 de Setembro de 2014
- ↑ ANDRADE, Gustavo Figueira. «Bagé, Júlio de Castilhos e Joca Taveres: entre um saque e um sítio» (PDF). Universidade Federal de Pelotas. Consultado em 13 de Setembro de 2014
Ligações externas
- Fotos do Cerco de Bagé
- Portal da história
- Portal do Rio Grande do Sul