Demolição de casas no conflito israelo-palestino

Casa palestina demolida pelas forças militares de Israel (2006).

A demolição de casas nos territórios palestinos ocupados - Jerusalém, Cisjordânia e, anteriormente, também a Faixa de Gaza - é uma tática controversa que tem sido empregada pelas Forças de Defesa de Israel no contexto do conflito israelo-palestino.

Segundo o governo israelense, a demolição das casas dos palestinos é uma medida de prevenção contra eventuais ações de insurreição contra as forças ocupantes.[1] Outras justificativas oficiais apresentadas por Israel referem-se ao cumprimento de códigos de obras e diversas determinações legais vigentes nos territórios ocupados.[2] [3]

Organizações de defesa dos direitos humanos e as Nações Unidas criticam as demolições[4] dos lares dos palestinos como sendo uma violação do direito internacional e consideram que o governo de Israel na verdade utiliza as demolições como forma de punição coletiva[1] e para confiscar terras aos palestinos, viabilizando a expansão de assentamentos judeus nos territórios ocupados.[5][6]

Mais de mil palestinos na Cisjordânia perderam suas casas por conta de demolições feitas pelo exército israelense em 2011, o que significou um aumento de 80% em relação ao ano anterior. Mais da metade da população desalojada é constituída de crianças. Outras 4.200 pessoas foram afetadas pela destruição de áreas relacionadas à sua subsistência.[7] O Coordenador Humanitário das Nações Unidas para o processo de paz no Oriente Médio, Maxwell Gaylard, declarou que Israel, como potência ocupante, "tem a responsabilidade fundamental de proteger a população civil palestina sob seu controle e garantir seu bem-estar e dignidade". Segundo o relatório Demolições e Deslocamento Forçado na Cisjordânia Ocupada, 622 estruturas foram demolidas em 2011, incluindo casas, abrigos de animais, salas de aula e mesquitas. Isto significa um aumento de 42% em relação a 2010. Mais de 60% dessas demolições deram lugar a assentamentos israelenses.

Além disso, 90% das demolições (92% das pessoas deslocadas) ocorreram em áreas de comunidades agrícolas e pastoris vulneráveis, conhecidas como "Área C", região onde Israel mantém controle sobre a segurança, o planejamento e a construção. A Área C equivale a 60% da Cisjordânia. Ali a administração civil israelense exige que as comunidades palestinas peçam licenças (raramente concedidas) para quaisquer obras de melhoria, tais como a reabilitação de poços ou prolongamento de redes. Dadas as dificuldades para obtenção de uma licença, a população palestina frequentemente acaba por construir sem licença, correndo o risco de demolição da obra. Segundo Maxwell Gaylard, "é difícil compreender os argumentos subjacentes à destruição de sistemas básicos de recolha das águas pluviais, alguns deles muito antigos, que servem comunidades palestinianas de pastores e rurais marginalizadas, onde a água é já de si escassa e onde as secas são uma ameaça sempre presente." Em Gaza, mais de 30 km de rede de abastecimento de água e 11 poços, cujo funcionamento é da responsabilidade do serviço de distribuição de água, foram danificados ou destruídos pelas forças militares de Israel, durante a Operação Chumbo Fundido, em 2008-2009. Segundo o relatório Goldstone, tal destruição foi "deliberada e sistemática".[8]

Em Jerusalém Oriental, a demolição de 42 estruturas representou uma diminuição em comparação a 2010. No entanto, segundo o relatório, 93.100 mil moradores, que vivem em edificações erguidas sem licença, continuam ameaçados de deslocamento.[9] Os palestinos afirmam que é impossível obter alvarás de construção.[10]


Referências

  1. a b Anistia Internacional. Israel and the Occupied Territories: Under the rubble: House demolition and destruction of land and property. 17 de maio de 2004.
  2. Israel/Occupied Territories: House Demolition
  3. House demolitions as punishment B'Tselem - The Israeli Information Center for Human Rights in the Occupied Territories
  4. Israel levels Palestinian homes
  5. Mass Demolition: Security Rationales, Demographic Subtexts
  6. «EU criticizes Israeli demolition of Arab homes in East Jerusalem». Middle East News. 10 de novembro de 2008. Consultado em 14 de abril de 2009 
  7. Demolições e Deslocamento Forçado na Cisjordânia Ocupada Arquivado em 2 de novembro de 2012, no Wayback Machine. (em inglês). Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), janeiro de 2012.
  8. Sede de Justiça - Direitos do Povo Palestiniano à água e ao saneamento[ligação inativa].
  9. Demolições de estruturas palestinas na Cisjordânia tiveram aumento de 80% em 2011, revela OCHA. ONU-BR, 26 de janeiro de 2012.
  10. Comitê israelense revê plano de construção em Jerusalém oriental. G1, 21 de junho de 2010.

Ligações externas

  • Israeli Committee Against House Demolitions
  • B'Tselem - Statistics on demolition of houses built without permits in the West Bank (excluding East Jerusalem)
  • The Rebuilding Alliance
  • A Layman's Guide to Home Demolitions in East Jerusalem: An Ir Amim Report
  • The Civic Coalition for Palestinian Rights in Jerusalem: Latest information about home demolition in Jerusalem
  • Portal de Israel
  • Portal da Palestina
  • Portal dos direitos humanos
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