Ernesto Rebelo

Ernesto Rebelo
Ernesto Rebelo
Nascimento 26 de abril de 1842
Lisboa
Morte 15 de novembro de 1890 (48 anos)
Horta
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação jornalista, escritor
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Ernesto de Lacerda Lavallière Rebelo (Lisboa, 26 de Abril de 1842 — Horta, 15 de Novembro de 1890), mais conhecido por Ernesto Rebelo, foi um escritor e jornalista açoriano, autor de uma vasta obra de temática açoriana. Foi dirigente de diversas instituições culturais da ilha do Faial. É considerado um dos mais notáveis escritores faialenses e um dos maiores valores da escola romântica nos Açores. Como poeta, versejou com espontaneidade e simplicidade.[1][2]

Biografia

Ernesto Rebelo foi filho do advogado e jornalista faialense Francisco Peixoto de Lacerda Costa Rebelo e de Maria Elisa Nunes de Lavallière Rebelo, natural de Cayenne, Guiana Francesa..[3]

Ernesto Rebelo fixou-se com a família na cidade da Horta em 1845, quando tinha 3 anos se idade. Naquela cidade fez os seus estudos primários e secundários, empregando-se como funcionário da Repartição de Fazenda Distrital da Horta, ocupação que manteve até falecer. Era um homem cismador e solitário, considerado de uma educação esmerada.

Manteve ao longo da sua vida uma intensa actividade como publicista, publicando centenas de artigos em diversos periódicos da Horta e de outras cidades. Fundando e dirigiu os periódicos O Amigo do Povo (1870) e Civilizador (1878-1879), foi redactor de A Luz (1870-1874) e de O Grémio Literário (1880-1884)[4] e deixou colaboração, em verso e em prosa, dispersa por múltiplos jornais da Horta e dos Açores. Colaborou também nas páginas do Ramalhete do Christão, de A Civilização Cristã e da Revista Ilustrada, periódicos que se publicavam em Lisboa e na revista Ribaltas e Gambiarras [5] (1881). (Figueira, 1890a; Rebelo / Silveira, 1965).

Ernesto Rebelo foi membro activo de diversas associações culturais e científicas, entre as quais o Grémio Literário Faialense de que foi sócio fundador e honorário e presidente; o Grémio Literário Artista Faialense; a Sociedade Amizade e Recreio de Ponta Delgada; o centro faialense da Sociedade de Geografia de Lisboa, da qual era sócio correspondente; a Comissão Central de 1640; a Fraternidade Açoriana do Rio de Janeiro; o Grémio Literário Micaelense de que era sócio correspondente; o Grémio Literário de Angra do Heroísmo e o Club Popular Angrense.[6] Era ainda sócio correspondente da Sociedade Dantesca de Nápoles.

Foi o principal promotor do Grémio Literário Faialense e das suas publicações, razão pela qual aquela instituição tinha exposto um seu retrato, em formato grande, oferta da Sociedade Luz e Caridade.[7]

Ernesto Rebelo faleceu subitamente na cidade da Horta, sendo o seu funeral uma grande manifestação de pesar a que se associaram todas as forças vivas da ilha do Faial. Era cavaleiro da Ordem de Cristo e comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

Quando faleceu deixou inéditas várias obras, entre as quais: Flores do mato (versos); Amor filial, drama levado à cena no Teatro União Faialense, a 30 de Maio de 1878; Margarida (drama); O senhor Eleutério (comédia); e Cenas do Outono, um romance incompleto, escrito para o jornal O Atlântico.

O nome de Ernesto Rebelo figura na toponímia da cidade da Horta por decisão da Câmara Municipal, tomada a 20 de Novembro de 1890.[8]

Referências

  1. «Rebello, Ernesto de Lacerda de Lavallière» na Enciclopédia Açoriana.
  2. »Ernesto Rebello» no Álbum Açoriano, p. 506. Lisboa, Bertrand, 1903-1908.
  3. Francisco da Silva Figueira, "Ernesto de Lacerda de Lavallière Rebello". In: A civilização Christã. Lisboa, ano 1, n.º 36, 10 de Agosto: 281-283.
  4. Marcelino Lima, Anais do Município da Horta. Vila Nova de Famalicão: Oficinas Gráficas Minerva, 1943: 529-533.
  5. Pedro Mesquita (26 de março de 2013). «Ficha histórica: Ribaltas e gambiarras (1881)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 19 de junho de 2015 
  6. Fernando Faria Ribeiro (2007), Em dias passados: figuras, instituições e acontecimentos da história faialense. Horta: Núcleo Cultural da Horta: p. 109.
  7. Francisco da Silva Figueira, "Ernesto de Lacerda de Lavallière Rebello". In: A civilização Christã. Lisboa, ano 2, n.º 2, 14 de Dezembro: 14.
  8. José Elmiro Rocha, "Rua da Misericórdia". In: Boletim Municipal, Câmara Municipal da Horta, n.º 68 (Janeiro a Março de 1992).

Obras publicadas

Ernesto Rebelo foi um escritor prolífico deixando uma vasta obra, na sua maioria dispersa por periódicos açorianos e de Lisboa. As listagens que se seguem são necesariamente muito incompletas.

Obras editadas em volume

  • 1873 — Contos e poesias açoreanas. Horta: Typ. Hortense.
  • 1879 — As noites d’El-Rei: drama histórico em 3 actos. Angra do Heroísmo: Imprensa do Governo Civil.
  • 1881 — Um padre: drama em 4 actos. Rio de Janeiro: Matheus Costa & Ca. [levado à cena, na Horta, em 29 de Abril de 1880, conjuntamente com As noites de El-Rei].
  • 1881 — A desleixada: lenda escandinava. Horta: Typ. do Atlântico (tradução livre da versão inglesa da obra homónima de Hjalmar Hjorth Boyesen).
  • 1885 — Dálias do convento: comédia em 3 actos. Ponta Delgada: Typ. e Lith. dos Açores (peça levada à cena no Teatro Esperança, Ponta Delgada, em 30 de Outubro de 1878).
  • 1885 — "Notas Açorianas". In: Archivo dos Açores. Ponta Delgada: Typ do Archivo dos Açores.
  • 1885, 1886, 1887 — Notas Açorianas. Ponta Delgada: Typ. do Archivo dos Açores, 3 volumes.
  • 1982 — There… she blows!… Lajes do Pico: Museu dos Baleeiros (publicação póstuma com apresentação de Pedro da Silveira).
  • 1989 — Aves de arribação: crónica açoriana. Horta: Centro de Estudos da Câmara Municipal da Horta (publicação póstuma).

Trabalhos publicados em jornais

Ernesto Rebelo publicou algumas centenas de artigos em jornais e revistas diversas, com destaque para os periódicos da Horta. A lista que se segue considera apenas alguns dos seus escritos mais significativos:

  • Scenas dos Açores (romance). In: O Fayalense, 1879-1880.
  • Aves de arribação (romance). In: O Fayalense, 1880 (publicado em livro no ano de 1989).
  • Soror Maria (romance). In: O Fayalense, 1880.
  • Urzes e silvados (romance). In: O Açoreano, 1884.
  • Mathilde (romance). In: O Açoreano, 15 de Novembro de 1885 – 14 de Abril de 1886; O Telégrafo, 3 de Janeiro a 7 de Abril de 1914.
  • Excêntricos faialenses (série de contos). In: O Gremio Litterario, Horta (volumes 1 a 40, 1880-1895).

Bibliografia

  • Carvalho, Ruy Galvão (1979), Antologia poética dos Açores. Angra do Heroísmo: Secretaria Regional da Educação e Cultura.
  • Dias, Urbano de Mendonça (2005), Literatos dos Açores. Vila Franca do Campo: Editorial Ilha Nova: 548-553.
  • Figueira, Francisco da Silva (1890), "Ernesto de Lacerda de Lavallière Rebello". In: A civilização Christã – Semanário religioso, litterario e noticioso. Lisboa, ano 1, n.º 36, 10 de Agosto: 281-283 (resenha bio-bibliográfica).
  • Figueira, Francisco da Silva (1890), "Ernesto Rebello". In: A civilização Christã – Semanário religioso, litterario e noticioso. Lisboa, ano 2, n.º 2, 14 de Dezembro: 14.
  • Lima, Marcelino (1922), Famílias faialenses: subsídios para a história da ilha do Faial. Horta: Tipografia Minerva Insulana.
  • Lima, Marcelino (1943), Anais do Município da Horta. Vila Nova de Famalicão: Oficinas Gráficas Minerva.
  • Ribeiro, Fernando Faria (2007), Em dias passados: figuras, instituições e acontecimentos da história faialense. Horta: Núcleo Cultural da Horta (ISBN 978-989-95033-3-5).
  • Silveira, Pedro (1965), "Ernesto Rebelo. Costumes e lendas populares". In: Boletim do Núcleo Cultural da Horta, 4, 1: 11.
  • Serpa, José Machado (1987), A Fala das Nossas Gentes. Ponta Delgada: Signo.
  • Ramos, M. (1890), "Ernesto de Lacerda de Lavallière Rebello". In: A civilização Christã – Semanário religioso, litterario e noticioso, Lisboa, ano 2, n.º 2, 14 de Dezembro: 14.
  • Rocha, José Elmiro (1992), "Rua da Misericórdia". In: Boletim Municipal, Câmara Municipal da Horta, n.º 68, Janeiro, Fevereiro e Março.
  • ---- (1891) "À Memória de Ernesto Rebello". In O Respigador, Velas de São Jorge, n.º 61, 20 de Fevereiro.

Ligações externas

  • Ernesto Rebelo na Enciclopédia Açoriana
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