Gianfranco Fini

 Nota: Para outras acepções com o termo "Fini", veja Fini (desambiguação).
Gianfranco Fini
Gianfranco Fini
Gianfranco Fini em 2008
Presidente da Câmara dos Deputados Itália
Período 30 de abril de 2008
a 15 de março de 2013
Presidente Giorgio Napolitano
Antecessor(a) Fausto Bertinotti
Sucessor(a) Laura Boldrini
Dados pessoais
Nascimento 3 de janeiro de 1952 (72 anos)
Bolonha, Emília-Romanha
Nacionalidade Itália italiano
Partido MSI-DN (1968-1995)
AN (1995-2009)
O Povo da Liberdade (2009-2010)
Futuro e Liberdade (2010-)
Profissão Jornalista, político

Gianfranco Fini (Bolonha, 3 de janeiro de 1952) é um político e jornalista italiano, ex-presidente da Câmara dos deputados da Itália e antigo líder do partido pós-fascista Aliança Nacional (Alleanza Nazionale), que posteriormente fundiu-se com a Forza Italia, de Silvio Berlusconi, para formar o partido de centro-direita Povo da Liberdade (PdL) (Il Popolo della Libertà).

Fini foi também vice-Presidente do Conselho de Ministros (equivalente a vice-primeiro ministro) e Ministro das Relações Exteriores da Itália, no governo Berlusconi, entre 2001 e 2006.

Fini é um dos líderes históricos do extinto Movimento Sociale Italiano-Destra Nazionale (Movimento Social Italiano - Direita Nacional), partido fundado em 26 de dezembro de 1946 por remanescentes da República Social Italiana e ex-expoentes do regime fascista, como Arturo Michelini. O partido se dissolveu em 27 de janeiro de 1995, e a maior parte dos seus membros filiou-se à Aliança Nacional, enquanto uns poucos ligaram-se Movimento Social Chama Tricolor (Movimento Sociale Fiamma Tricolore).

Deputado por diversas legislaturas, Fini foi vice-presidente do Conselho de Ministros e ministro dos Negócios Estrangeiros durante o Governo Berlusconi II e III (2001 a 2006). Foi vice-presidente do Governo no segundo Governo Berlusconi e ministro do Exterior no Berlusconi III. Foi também, de 30 de abril de 2008 a 15 de março de 2013, presidente da Câmara dos Deputados da Itália.

É autor de dois livros: Un'Italia civile (1999 ISBN 8879284738) e L'Europa che verrà. Il destino del continente e il ruolo dell'Italia (2003 ISBN 888112484X).

Relações com o fascismo

Em visita a Israel, denunciou os erros do fascismo e a tragédia do Holocausto, definindo as leis raciais fascistas como "mal absoluto do século XX". Vários órgãos da imprensa noticiaram a declaração, interpretando o "mal absoluto" como se fosse aplicável ao fascismo em si.[1].

Todavia, até 1994, quando teve início o primeiro governo de Silvio Berlusconi, Fini afirmava sua crença no fascismo e sua admiração por Mussolini:[2]

"Acredito ainda no fascismo, sim, acredito." 19 de agosto de 1989;
"Ninguém pode nos pedir que abjuremos a nossa matriz fascista", Il Giornale, 5 de janeiro de 1990;
"Mussolini foi o maior estadista do século. E se vivesse hoje, garantiria a liberdade dos italianos", 30 de setembro de 1992;
"...quem foi vencido pelas armas mas não pela história está destinado a saborear o doce gosto da revanche... Depois de quase meio século, o fascismo está idealmente vivo...", maio de 1992;
"Mussolini foi o maior estadista do século... Existem fases nas quais a liberdade não se inclui entre os valores importantes", junho de 1994).

Posteriormente, ao rever publicamente algumas das suas posições ideológicas e dar declarações sobre as leis raciais fascistas como "mal absoluto," provocou a ira de vários militantes e a saída de Alessandra Mussolini da Aliança Nacional, para fundar o movimento Libertà d'azione (Liberdade de ação), depois renomeado para Azione sociale ("Ação social").

Em 2008, Fini voltou a provocar a indignação dos seus prosélitos ao conclamar a direita a doravante reconhecer-se no antifascismo, distanciando-se das ideologias que marcaram o seu passado político. Tais declarações motivaram a revolta do seu antigo porta-voz Francesco Storace, que o acusou de incitar ódios e de dar razão aos expoentes da extrema-esquerda, que por anos negaram a tragédia das foibas.[3]

Fundação do PDL e expulsão do partido

Em março de 2009, Fini fundiu seu partido Aliança Nacional com o partido de Berlusconi, Il Popolo della Libertà, e era visto por muitos como o herdeiro político do premiê italiano até à ruptura entre os dois.[4]

Em Julho de 2010, Berlusconi afastou Fini devido a “divergências insanáveis”, e disse que não estava disposto a aceitar “um partido dentro do partido”. Assim, pressionou Fini a abandonar a presidência da Câmara dos Deputados, mas este recusou demitir-se e desafiando o primeiro-ministro afirmou que os seus apoiantes no Parlamento “não hesitarão em opor-se às escolhas injustas do Executivo ou contrárias ao interesse geral.” Deste modo, Berlusconi perdeu a maioria que dispunha, pois 32 deputados apoiantes de Fini abandonaram o partido de Berlusconi para criarem o seu próprio grupo parlamentar.

A expulsão de Fini ocorreu após vários meses de divergências com Berlusconi. Quando o Governo quis propor uma lei que reduzisse drasticamente as escutas telefónicas feitas pelos magistrados e impedisse os jornalistas de as citarem, Fini opôs-se e obrigou Berlusconi a suavizar a proposta. Em nome da “moralidade e legalidade”, também apelou aos políticos que estejam a ser investigados que se demitam das suas funções, numa altura em que três ministros eram acusados de corrupção e tráfico de influências e que posteriormente tiveram de abandonar os seus cargos.

O caso Montecarlo e a campanha de imprensa contra Fini

Em agosto 2010, contemporaneamente ao aumento das divergências entre Fini e Berlusconi, os jornais de direita "Il Giornale", "Libero" e "Panorama" começaram uma áspera campanha de imprensa contra Gianfranco Fini. A campanha teve como motivo central um apartamento em Montecarlo, que o partido Alleanza Nazionale tinha herdado pela condessa Anna Maria Colleoni. O apartamento tinha sido vendido por Alleanza Nazionale em 2008 para uma sociedade offshore com sede na Ilha St. Lucia. O preço de venda era de 300.000 € [5][6][7]. Em 2010 o apartamento era utilizado por o empreitero Giancarlo Tulliani, irmão da namorada de Fini, Elisabetta Tulliani, que tinha-lhe alugado por uma sociedade offshore.

Dia 30 de julho foi apresentada uma denúncia por Francesco Storace, chefe do partido La Destra e ex membro de Alleanza Nazionale. A procuradoria de Roma abriu um novo inquérito contra desconhecidos.[8]

Os jornais "Il Giornale" e "Libero" sustentavam que Giancarlo Tulliani seria o verdadeiro proprietário do apartamento que Fini teria vendido em nome de Alleanza Nazionale por um preço muito mais baixo do valor real. Tulliani seria tambem, segundo os dois jornais, o verdadeiro proprietário da sociedade offshore que havia comprado o apartamento da Alleanza Nazionale e que depois o haveria revendido para uma segunda sociedade offshore, também de sua propriedade.

Dia 25 de setembro 2010 Fini declarou em um messagem em video: Se ficasse provado que o apartamento em Montecarlo pertence a Giancarlo Tulliani, irei renunciar ao cargo de presidente da Camara dos Deputados.

Dia 26 de outubro 2010 a procuradoria de Roma pediu a arquivaçao do inquérito.[9] Dia 26 de janeiro 2011 o ministro das relaçoes exteriores Franco Frattini anunciou que o governo da Ilha de St. Lucia havia confirmado que Giancarlo Tulliani seria o verdadeiro dono da sociedade proprietária do apartamento [10][11].

A procuradoria declarou que o conteudo dos documentos oficiais enviados para Itália pelo governo de St. Lucia eram irrelevantes para as investigações.[12].

A campanha de "Il Gionale" e "Libero" não só se ocupou do caso Montecarlo, mas também de muitos negócios da advogada e empresaria no setor immobiliario Elisabetta Tulliani, namorada de Fini, e da família dela. "Il Giornale" publicou muitas reportagens de uma casa de produção televisiva de nom Absolute Tv Media que, segundo ele, 51% pertenceria a dona de casa Francesca Frau, mãe de Elisabetta Tulliani, totalmente alheia ao mundo da televisão. A casa de produção teria recebido um cargo pelo canal televisivo de estado RAI graças ao qual a senhora Frau teria ganhado uma soma superior a um milhão de euros.[13][14]

Família

Nos anos oitenta Gianfranco Fini conheceu Daniela Di Sotto, que nessa época era casada com Sergio Mariani, amigo de Fini e membro do partido dele.[15][16]. Daniela Di Sotto separou-se de Mariani e casou-se com Fini. Em 1985 nasceu Giuliana, sua única filha. Fini e Di Sotto se separaram em 2007.

Depois da separação tornou-se público o relacionamento de Fini com Elisabetta Tulliani (n. 1973), ex-namorada do proprietário de clubes de futebol Luciano Gaucci e proprietária a partir desse relacionamento de um enorme patrimonio immobiliário. O casal Fini-Tulliani tem duas filhas: Carolina [17] e Martina.

Referências

  1. La Repubblica, 24 de novembro de 2003 Fini in Israele "Il fascismo fu parte del male assoluto"
  2. Il Foglio La “conversione” di Fini As citações de Fini foram retiradas de Il fascista del Duemila de Corrado De Cesare; Kaos, 1995. Quando não é indicada a fonte, trata-se do jornal Il secolo d'Italia. Arquivado em 28 de setembro de 2007, no Wayback Machine.
  3. La Repubblica, 13 setembro de 2003 Fini: "Destra si riconosca nei valori antifascisti"
  4. Reuters, 13 de setembro de 2009.Aliado de Berlusconi lança ameaça de eleições antecipadas
  5. Valore giudicato congruo dalle autorità di Montecarlo al passaggio di proprietà avvenuto nel 1999
  6. Le autorità del Principato di Monaco confermano: Casa An, nel 1999 valore era congruo
  7. Ma è stimata molto più di 1 milione nel 2008 secondo il Corriere
  8. Casa a Montecarlo, la procura di Roma apre un fascicolo per truffa. Arquivado em 8 de agosto de 2010, no Wayback Machine. Unita.it
  9. Casa di Montecarlo, Procura chiede archiviazione Repubblica.it
  10. Caso Fini-Tulliani, battaglia in Senato
  11. [1]
  12. le carte di Santa Lucia» Bossi su Fini: «Abbassare i toni»|pubblicazione=Corriere della Sera|giorno=28|mese=gennaio|anno=2011
  13. [2]
  14. [3]
  15. Gianfranco e Daniela Ostilità dei salotti, «Dal Corriere», 17 giugno 2007.
  16. Io, Daniela e Gianfranco Arquivado em 9 de outubro de 2007, no Wayback Machine.L'Espresso, 5/07/2007
  17. Corriere della Sera

Bibliografia

  • Goffredo Locatelli, Daniele Martini, Duce addio. La biografia di Gianfranco Fini, 1994 ISBN 8830412651
  • Corrado De Cesare. Il fascista del Duemila. Le radici del camerata Gianfranco Fini. Kaos Edizioni, 1995 ISBN 889530461 Erro de parâmetro em {{ISBN}}: comprimento
  • Federico Guiglia, Para Enrico. Gianfranco Fini. Cronaca di un leader, 2002 ISBN 8871666291
  • Stefano Marsiglia, Collettivo Malatempora. Fini. Una storia nera, 2004 ISBN 8884250404
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