Helmut Schüller

Helmut Schüller nasceu em 24 de dezembro de 1952, em Viena, capital da Áustria.

Entre 1963 e 1971, estudou no Seminário Menor Hollabrunn e depois estudou teologia na Universidade, onde se graduou em 1977.

Após sua ordenação, ele trabalhou a partir de 1977 como capelão e professor de religião em escolas secundárias. Em 1981, foi ordenado como capelão diocesano da juventude em Viena.

Entre 1986 e 1995, esteve a serviço da Caritas: entre 1988 e 1991, exerceu a função de diretor da Caritas em Viena, e, a partir de 1991, passou a presidir a Caritas em toda a Áustria. Em decorrência desse trabalho, recebeu o título de monsenhor, em 1991.

Entre 1995 e 1999 foi Vigário Geral da Arquidiocese de Viena, de onde foi afastado em 1999 por causa "profundo desacordo" com o Cardeal Christoph Schönborn.

Entre 1996 a 2005, dirigiu um serviço destinado a prestar assistência às vítimas de abusos sexuais, vinculado à Arquidiocese de Viena.

Também merece destaque sua ação em favor dos refugiados e pelas críticas à política de asilo do governo austríaco, sendo um dos iniciadores da ação: "Vizinho que Sofre".

Em 2006, apresentou em conjunto com o padre Udo Fischer, um manifesto contra o aumento das fusões paroquiais, e fundou, juntamente com outros padres, a Iniciativa dos Párocos Austríacos, que buscava medidas para solucionar o problema do encolhimento do sacerdócio, a fusão de paróquias e as excessivas pressões que são postas sobre o número cada vez menor de párocos[1].

Em 2011, exercia as funções de capelão universitário e de assistente espiritual da Associação Acadêmica Católica da Arquidiocese de Viena[2].

Apelo à Desobediência

No dia 29 de novembro de 2012, o Vaticano informou que retirou de Schüller o direito de usar o título de monsenhor, no entanto, a sanção não impediu Schüller continuar a exercer o sacerdócio. A punição decorreu de manifestações de Schüller contra a obrigatoriedade do celibato sacerdotal e favoráveis ao exercício do sacerdócio por mulheres. Após a punição, Schüller declarou à imprensa austríaca que a decisão do Vaticano não atingiu seus princípios.

A punição decorreu da atuação de Schüller como um dos autores do "Apelo à desobediência", que teria o apoio de pelo menos 425 dos 3.800 padres da Áustria, e de 70% dos católicos austríacos. O manifesto foi publicado em junho de 2011[3] e surgiu em meio a uma forte crise da Igreja Católica na Áustria, que entre 2011 e 2012, perdeu cerca de 150.000 adeptos, muitos deles escandalizados pelos abusos sexuais. Segundo Schüller, a publicação: "teve início a partir da profunda tristeza diante do futuro das comunidades paroquiais".

Schüller, também afirma que a sua preocupação mais grave seria o fato de que a falta de padres católicos estaria privando os católicos batizados do acesso à Eucaristia.

Além de ser favorável à existência de sacerdotes católicos não celibatários e da ordenação sacerdotal de mulheres, o manifesto é favorável ao acesso à comunhão para católicos divorciados que voltaram a contrair matrimônio e para católicos homossexuais, pois entende que a Eucaristia não deve ser um "instrumento de sanções". Outro aspecto das ideias defendias por Schüller, é a defesa da democratização das instituições eclesiais, o que inclui uma maior participação dos leigos[1].

Antes da publicação do "Apelo à desobediência", os católicos reformistas austríacos desafiaram, durante décadas, as políticas conservadoras do Papa Bento XVI e de seu antecessor (João Paulo II), criando movimentos de protesto e defendendo mudanças que o Vaticano sempre rejeitou.

Depois que publicou o "Apelo à desobediência", Schüller se encontrou com clérigos reformistas da Áustria, da Alemanha, da Irlanda e dos Estados Unidos, que defendem mudanças semelhantes na Igreja Católica.[4].

No verão de 2013, viajou para os Estados Unidos da América, para proferir palestras em diversas cidades. A turnê foi promovida por dez organizações católicas progressistas, incluindo: Future Church, Call to Action, Dignity USA e Voice of the Faithful[1].

Referências

  1. a b c Padre Helmut Schüller, da Iniciativa dos Párocos, visita 15 cidades dos EUA, acesso em 1º de maio de 2015.
  2. Schüller, Helmut, em alemão, acesso em 1º de maio de 2015.
  3. Apelo à desobediência. Manifesto de párocos austríacos, acesso em 1º de maio de 2015.
  4. Roma pune o líder dos padres austríacos, do grupo de “Apelo à desobediência”, acesso em 1º de maio de 2015