Ioánnis Metaxás

Ioánnis Metaxás
Ioánnis Metaxás
Ioánnis Metaxás
Primeiro-ministro da Grécia
Período 13 de abril de 1936 até 29 de janeiro de 1941
Antecessor(a) Konstantínos Demertzís
Sucessor(a) Aléxandros Korizís
Dados pessoais
Nascimento 12 de abril de 1871
Ítaca, Grécia
Morte 29 de janeiro de 1941 (69 anos)
Atenas, Grécia

Ioánnis Metaxás, no alfabeto grego: Ιωάννης Μεταξάς (Ítaca, 12 de abril de 1871 – Atenas, 29 de janeiro de 1941), foi um general e ditador da Grécia, que serviu como Primeiro-Ministro da Grécia de 1936 até ao seu falecimento em 1941. Governou de acordo com a constituição Grega durante os primeiros 4 meses do seu mandato, e após esse período como o homem forte do Regime conhecido como o Regime de 4 de Agosto.[1][2]

Carreira militar

Nascido na cidade de Ithaca, Metaxás era um oficial de carreira, tendo entrado em ação pela primeira vez na Guerra Greco-Turca de 1897. Depois de ter estudado no Império Alemão, regressou à Grécia para ser integrado no Estado Maior e foi parte da modernização do Exército Grego antes da Guerra dos Balcãs (1912-1913), em que ativamente participou. Foi nomeado Chefe do Estado Maior Grego em 1913 e promovido a Tenente-General em 1916. Preparou os planos de ataque e conduziu o esforço diplomático na Primeira e na Segunda Guerra dos Balcãs, que levaram à ocupação do território que hoje forma as províncias de Epirus, Macedónia e Trácia, no norte da Grécia.

Um apoiante ferrenho da monarquia grega, Metaxás apoiava Constantino I, e era contra a participação Grega na I Guerra Mundial. Venizelos, o Primeiro-Ministro da Grécia na altura, demitiu-se devido à recusa de Metaxás em apoiar os aliados na malfadada Campanha dos Dardanelos e usou a Guerra como uma das causas mais importantes na campanha eleitoral que se seguiu. Quando Venizelos ganhou as eleições de Maio de 1915, mobilizou o Exército Grego para apoiar a Sérvia, mas foi demitido pelo Rei. Esta demissão solidificou e ajudou a criar o chamado Cisma Nacional, que infetou e prejudicou a vida política Grega nas décadas seguintes. Em Agosto de 1916, oficiais apoiantes de Venizelos lançaram uma revolta na cidade de Salónica, no norte da Grécia, que resultou num governo separado, sob a direção de Venizelos, chamado "Governo de Defesa Nacional". O novo Governo, com o apoio dos Aliados, conseguiu estender o seu poder em metade do país, e entrou na Primeira Guerra Mundial do lado dos Aliados. Em Junho de 1917, mais uma vez com o apoio dos Aliados, o rei Constantino foi deposto, e Venizelos subiu ao poder, declarando Guerra aos Poderes Centrais em nome de todo o país a 29 de Junho de 1917.

Execuções

Metaxás foi o ditador mais sanguinário que a Grécia já teve, o ditador mandou matar mais de 500 pessoas que eram contra o seu poder e suas ideias, ele também mandou prender 612 pessoas, principalmente jornalistas. Além disso, Metaxás tirou vários direitos trabalhistas como por exemplo, os trabalhadores não poderiam descansar aos domingos e nem folgar aos feriados

Exílio e carreira política no período entre guerras

Metaxás seguiu o rei Constantino no seu exílio na Córsega, nenhum deles regressando à Grécia antes da derrota eleitoral de Venizelos nas eleições de 1920. Metaxás foi um dos poucos políticos e militares gregos que demonstrou publicamente a sua oposição à Campanha da Ásia Menor, referido considerações militares, e recusou-se a assumir qualquer posto militar durante a Guerra. Depois da derrota das forças gregas na Guerra, Constantino foi obrigado a partir novamente para o exílio, devido a uma revolta liderada pelo General Nikolaos Plastiras. Metaxás, após esta revolta, entrou na política e fundou o Partido dos Pensadores Livres a 12 de Outubro de 1922. No entanto, a sua associação com o Golpe monarquista (falhado) de Leonardopoulos e Gargalidis em Outubro de 1923 forçou-o a fugir do país. Pouco depois, o rei Jorge II (filho de Constantino) foi também forçado ao exílio. A Monarquia foi abolida, e a Segunda República Helénica foi proclamada em 1924.

Metaxás voltou à Grécia pouco depois, proclamando publicamente a sua aceitação da mudança de Regime. Apesar de ser um dos mais proeminentes políticos monarquistas, e depois de um começo promissor, a incursão de Metaxás na política não teve muito sucesso. Nas eleições de 1926, o Partido dos Pensadores Livres conseguiu 15,78% dos votos e 52 deputados no Parlamento Grego, colocando-o quase a par do maior partido monarquista, o Partido Popular. Como resultado, Metaxás tornou-se Ministro das Comunicações no governo liderado por Alexandros Zaimis, conhecido como o "Governo Ecuménico".

No entanto, lutas intrapartidárias e a deserção de membros influentes levou o partido a ter apenas 5,3% dos votos e um deputado apenas nas eleições de 1928. As eleições de 1932 e 1933 viram o partido a afundar-se ainda mais, conseguindo apenas 1,59% dos votos, mas conseguindo mais deputados (3) e Metaxás conseguiu o posto de Ministro do Interior no governo liderado por Panagis Tsalidaris. Nas eleições de 1935, Metaxás (e o seu partido) cooperou numa união com outros pequenos partidos monarquistas, conseguindo 7 deputados, repetindo a mesma performance nas eleições de 1936.

Primeiro-Ministro e o Regime do 4 de Agosto

Após um plebiscito bastante corrupto, Jorge II voltou para reclamar o trono em 1935. As eleições de 1936 produziram um impasse entre uma coligação de direita liderada por Tsaldaris e um bloco de centro-esquerda liderado pelo sucessor de Venizelos, Themistoklis Sophoulis. A vida política Grega tornou-se ainda mais extremada pelos ganhos conseguidos pelo Partido Comunista Grego (KKE), que tinha a chave para resolver a situação. Sendo anticomunista e temendo um golpe, Jorge II nomeou Metaxás, na altura Ministro da Guerra, Primeiro-Ministro interino a 13 de Abril de 1936,[1] e a nomeação foi aprovada pelo Parlamento Grego.[3]

Revolta generalizada no tecido industrial da nação deu a Metaxás a justificação necessária para declarar um Estado de Emergência a 4 de Agosto de 1936.[1] Com o apoio do Rei, adiou o Parlamento indefinidamente e suspendeu vários artigos da Constituição Grega que garantiam os Direitos Civis. Num discurso radiodifundido, Metaxás declarou que durante a vigência do Estado de Emergência, iria deter "todo o poder necessário para salvar a Grécia de todas as catástrofes que a ameaçam". O Regime criado depois deste golpe palaciano ficou conhecido como o "Regime do 4 de Agosto", de acordo com a data da sua proclamação.

A propaganda do Regime apresenta Metaxás como o "Primeiro Camponês", "Primeiro Proletário" e o "Pai" de todos os Gregos. Metaxás adotou para si mesmo o título de Arkhigos, grego para "líder" ou "chefe", e declarou uma "Terceira Civilização Helénica", após a primeira (Grécia Antiga) e a segunda (o Império Bizantino da Idade Média). Propaganda do Estado retratava Metaxás como o "Salvador da Nação", trazendo unidade a um país dividido.

Políticas internas

Baseando o seu regime em outros regimes autoritários da Europa na altura (acima de tudo, o Regime Fascista de Itália), baniu todos os partidos políticos (incluindo o seu), proibiu greves e introduziu censura alargada de todos os meios de comunicação. A Unidade Nacional seria conseguida com a abolição do regime parlamentar, que era acusado de ter deixado o país mergulhado no caos. Metaxás não via com bons olhos os antigos partidos, incluindo os conservadores mais tradicionais. A par do antiparlamentarismo, o anticomunismo era o segundo fio condutor do Regime. O Ministro da Segurança Konstantinos Maniadikis rapidamente conseguiu infiltrar e praticamente eliminar o Partido Comunista Grego, confiscando os seus artigos e prendendo o histórico líder comunista Nikos Zachariadis. Metaxás tornou-se ele próprio Ministro da Educação, e decretou que todos os livros fossem escritos de forma a suportar a sua visão do mundo.

Depois da repressão do Partido Comunista estar finalizada, seguiu-se uma campanha contra a literatura considerada perigosa para o interesse nacional. Autos-de-fé contra autores centraram-se autores como Goethe, Shaw e Freud, e ainda vários escritores gregos. Koestler, de visita a Atenas em 1938, notou que mesmo a "República" de Platão estava na lista de livros proibidos de Metaxás, levando-o a dizer que a ditadura grega era não só má e perigosa, mas também estúpida. Durante essa visita, Koestler encontrou-se secretamente com membros da resistência grega, ouvindo da sua parte "histórias horríficas de brutalidade policial, especialmente o caso de torturas inenarráveis infligidas a uma jovem militante comunista".

Tentando construir um Estado Corporativo e conseguir apoio popular, Metaxás copiou ou adotou muitas das instituições da Itália Fascista: um Serviço Nacional do Trabalho, o dia de trabalho de 8 horas, melhorias obrigatórias nas condições de trabalho, o Instituto da Segurança Social (ainda hoje existente, chamado em Grego Ίδρυμα Κοινωνικών Ασφαλίσεων, IKA).

Em termos de simbolismo, a saudação fascista e o duplo machado minoico, o lábris, foram introduzidos. Ao contrário de Mussolini, Metaxás não tinha o suporte de um partido de massas, na verdade, posicionava-se deliberadamente como estando para lá da política. A única organização de massas do regime era a Organização Nacional da Juventude (EON), cuja literatura e revistas eram promovidas nos estabelecimentos de ensino. Durante a sua permanência no poder, o seu apoio esteve sempre no Rei e no exército.

Política externa e a guerra com Itália

Na política externa, Metaxás seguiu uma política de neutralidade, tentando balancear entre o Reino Unido e a Alemanha.[4] No fim da década de 1930, tal como com outros países dos Balcãs, a Alemanha tornou-se o maior parceiro comercial da Grécia. O próprio ditador tinha a reputação de ser germanófilo, vindo essa reputação dos seus estudos no Império Alemão e no seu papel durante o Cisma Nacional.[1] A literatura do regime elogiava os estados autoritários da Europa, especialmente os de Hitler, Franco e Mussolini. No entanto, os eventos seguintes levaram Metaxás a virar-se cada vez mais para o Reino Unido e para França. O rei Jorge e quase todas as elites do país eram fortemente anglófilos[4] e a presença predominante da Royal Navy no mar Mediterrâneo não poderia ser ignorada. Além disso, a política expansionista da Itália de Mussolini[4] levaram cada vez mais a Grécia a virar-se para a aliança Franco-Britânica.

A ideia de Metaxás de manter a Grécia fora da II Guerra Mundial foi desfeita quando Mussolini exigiu direitos de ocupação de variados locais estratégicos gregos. Quando o enviado Italiano apresentou estas exigências a 28 de Outubro de 1940, Metaxás respondeu de forma curta em Francês "Alors, c'est la Guerre" ("então, é a Guerra"). No entanto, de acordo com a lenda popular, o ditador apenas respondeu "Ohi!" ("Não!) - um incidente que é ainda hoje festejado com o Ohi Day ("Dia do Não") e que ficou impregnado na cultura e na mentalidade coletiva grega. Algumas horas depois, a Itália invadiu a Grécia a partir do estado-satélite da Albânia e começou a Guerra Greco-Italiana.

Devido a uma preparação meticulosa e a uma defesa inspirada, os Gregos conseguiriam construir uma defesa com muito sucesso, e mesmo uma contraofensiva, forçando os Italianos de volta à Albânia e ocupando o sul desse país.

Morte e legado

Metaxás não chegou a ver a invasão da Grécia por parte da Alemanha Nazista durante a Batalha da Grécia porque morreu em Atenas a 29 de Janeiro de 1941, de um problema pulmonar. Foi substituído por Alexandros Koryzis. Depois da morte do ditador, a invasão alemã da Grécia levou em consideração a linha de fortificações no norte da Grécia, criadas por Metaxás, e conhecidas como Linha Metaxás.

Até hoje, Metaxás é uma figura controversa na história da Grécia. É odiado por muitos devido ao seu poder ditatorial e totalitario, e ter mantado matar centenas de pessoas, mas é amado por outros tantos pelo seu nacionalismo, patriotismo, desafio contra a agressão externa e pela sua vitória militar contra a Itália.

Ver também

Referências

  1. a b c d Dimitrakis, Panagiotis (2009). Greece and the English: British Diplomacy and the Kings of Greece (em inglês). Londres: Bloomsbury Academic. p. 18 
  2. Pietilä-Castrén, Leena; Vesterinen, Marjaana; Vahtikari, Vesa (2003). Grapta Poikila: without special title (em inglês). Atenas: Finnish Institute at Athens. p. 104 
  3. Kyrou, Alexandros Kosmas (1993). Greek Nationalism and Diaspora Politics in America, 1940-1945: Background and Analysis of Ethnic Responses to Wartime Crisis (em inglês). Bloomington: Indiana University. p. 82 
  4. a b c Ioannidis, Eudoxia (1991). British Foreign Policy Toward Southeastern Europe and the Restoration of the Dodecanese Islands to Greece (em inglês). Montreal: McGill University. p. 48 

Ligações externas

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(1822–1832)
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(1924–1935)
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(1935–1973)
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(1967–1974)
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(desde 1974)
1Chefe de governo militar/ditatorial. 2Chefe do governo rival que não controla Atenas. 3Chefe de emergência ou governo provisório. 4Chefe do governo colaboracionista durante a ocupação pelas potências do Eixo (1941–44).
Controle de autoridade