Primeira Guerra Luso-Ovimbundo

Primeira Guerra Luso-Ovimbundo
Colonização portuguesa de África
Data 1774 a 1778
Local Planalto Central de Angola
Desfecho Vitória portuguesa
Situação Terminado
Beligerantes
Reino de Portugal Bailundo
Bié
Quingolo
Comandantes
António de Lencastre
Kangombe I
Chingui I
Ndjilahulu I
Chingui II
Campanhas coloniais portuguesas
Conflitos prolongados mostrados em negrito
Data  Região 
1415 Ceuta
1437 Marrocos
1458 Marrocos
1468 Marrocos
1471 Marrocos
1478 Guiné
1487 Marrocos
1490 Marrocos
1501–02 Índia
1502 Índia
1503 Índia
1504 Índia
1506 Índia
1507 África Oriental
1507 Hormuz
1508 Índia
1509 Índia
1510 Índia
1511 Malaca
1514 Marrocos
1515 Marrocos
1517 India
1521 China
1522 China
1523 Arábia
1526 Índia
1531 Índia
1538 Índia
1541 Mar Vermelho
1541 Mar Vermelho
1542 África Oriental
1546 Índia
1548 Arábia
1551 Arábia
1552–54 Arábia
1553 Golfo Pérsico
1558 Brasil
1559 Índia
1561 Japão
1562 Marrocos
1567 Brasil
1568 Malaca
1569 Achém
1570–75 Índia
1580–83 Oceano Atlântico
1580–89 Oceano Índico
1581 Damão
1587 Jor
1601 Java
1606 Malaca
1606 (ago) Malaca
1612 Índia
1614 Brasil
1619 Ceilão
1622 China
1622 Angola
Data  Região 
1624 Brasil
1625 Pérsia
1625 Brasil
1625 Costa do Ouro
1629 Malaca
1630 Brasil
1631 Brasil
1638-39 Índia
1671 Angola
1637 Costa do Ouro
1638 Índia
1638 Brasil
1639 Índia
1640 Brasil
1640–41 Malaca
1645 Brasil
1647 Angola
1648 Brasil
1648 Angola
1649 Brasil
1652–54 Brasil
1654 (mar) Ceilão
1654 (mai) Ceilão
1665 Angola
1670 (jun) Angola
1670 (out) Angola
1696–98 Mombaça
1710 Brasil
1711 Brasil
1729-32 Índia
1735–37 Banda Oriental
1752 Índia
1756 América do Sul
1761–63 América do Sul
1762–63 Sacramento
1768-69 Angola
1774-78 Angola
1776–77 América do Sul
1809 Guiana Francesa
1816–20 Banda Oriental
1821–23 Brasil
1846 China
1849 China
1850-62 Angola
1855-74 Angola
1890–1904 Angola
1907 Angola
1914–15 Angola
1917–18 Moçambique
1954 Índia
1961 Índia
1961–74 África
• 1961–74 Angola
• 1963–74 Guiné-Bissau
• 1964–74 Moçambique


A Primeira Guerra Luso-Ovimbundo, também conhecida como Guerra de 1774-1778, foi um conflito armado entre os reinos dos povos ovimbundos, principalmente na figura dos reinos Bailundo e Bié, contra o Império Português.

O conflito foi motivado pela ambição colonial portuguesa, colocando o povo ovimbundo contra os imigrantes europeus e os representantes coloniais.

Antecedentes

As férteis terras altas de Benguela, também conhecidas como nano, eram tradicionalmente cultivadas pelos povos bantos. A invasão do início do século XVII, pelos povos imbangalas levou a uma fusão das duas populações e a subsequente criação dos reinos ovimbundos. A região de Benguela foi explorada pela primeira vez por mercadores portugueses em meados do século XVII, iniciando o comércio de escravos, marfim, cera de abelha e borracha.[1]

As primeiras investidas do Império Português tentando atingir os ovimbundos se deram ainda no século XVII nos conflitos contra a rainha Ana de Sousa Ginga, em 1645. Em 1660 uma nova expedição lusitana foi malsucedida e repelida pelos ainda politicamente desorganizados povos ovimbundos.[2]

Se apercebendo dos riscos da influência portuguesa, os reinos ovimbundos começaram a estabelecer-se na virada no século XVII para o século XVIII, com destaque para a investidura de Katyavala Bwila I, no reino Bailundo (1700), e Vyie, no reino do Bié (1750).[1]

Confrontos ocasionais entre portugueses e os ovimbudos ocorreram no século XVIII, durante a abertura dos caminhos coloniais de exploração do leste, áreas ainda fortemente resistentes à ingerência estrangeira. Numa tentativa de uma rota sulista mais pacífica, os portugueses empreenderam, contra o reino Galangue, a Guerra de Galangue (1768-1769), onde derrotaram o rei Caconda, conseguindo forçar a retomada da Fortaleza de Caconda.[1]

Conflito

O conflito se desenrolou em cinco momentos, sendo dois deles contra o reino Bailundo, dois contra o reino do Bié e um contra uma coalizão ovimbundo.[3]

Batalha da coalizão

Apercebendo-se dos resultados da guerra de Galangue, com o plano português de invasão do planalto, os reinos de Quingolo e Bailundo formaram aliança, com apoio do Bié, em 1774, para resistir à invasão, capitaneados pelo rei bailundo Chingui I.[4]

As tropas da coalizão repeliram a invasão, empreendendo grande perseguição, fazendo os lusos retornarem à Caconda. O reino Quingolo porém saiu fortemente enfraquecido.[4]

Primeiro ataque ao Bié

Para minar a força do Bié, na altura o mais forte dos reinos ovimbundos, Portugal enviou tropas à fronteira onde começou a atacar aldeias e ombalas, entre 1774 e 1775, sufocando a produção agrícola local.[1]

Portugal não conseguiu tomar o reino, mas a estratégia mostrou-se bem sucedida, na medida em que alimentou a formação de uma facção rival ao rei bieno Ndjilahulu I, liderada pelo pretendente Kangombe I.[3]

Batalha de Lumbanganda

A partir de Caconda, uma coluna militar foi formada para avançar sobre o Bailundo, em 1776. O ataque foi considerado brutal, que culminou na fuga do Soma Inene (rei) Chingui I e sua força para uma fenda que se localiza na serra Lumbanganda.[4]

O esconderijo foi descoberto após a entrega de posição pela Inaculo (rainha) bailunda, culminando na detenção de Chingui I e dela própria. Cativos em domicílio em Luanda, nasceu-lhes o filho Elanga Ngongo Chikundiakundi Puka Kaliliwa Lonjila Ekuikui.[4]

Grande batalha bailunda

Os portugueses investiram Chiliva Bambangulu Chingui II, filho do antigo monarca, exigindo-lhe fidelidade, o que o mesmo pouco tempo depois rechaçou. Na ausência de fortificação, os portugueses retornaram à Caconda, enquanto Chingui II reorganizava suas tropas e tentava fortificar as aldeias. Prontamente os portugueses responderam, enviando tropas à fronteira, atacando aldeias a partir de 1776, enquanto eles mesmos não se organizavam totalmente.[4]

Em 1777 os bailundos tentam interromper o avanço lusitano, levando a uma situação de inconclusão bélica até 1778.[4]

Em 1778, aproveitando a situação calamitosa causada por uma seca, uma coluna portuguesa avança sobre Halã-Vala, a capital do reino Bailundo, bem como sobre as ombalas de Andulo e Viye. O rei Chingui II morre em batalha, sem que seu corpo consiga ser recuperado. O reino Bailundo perde as ombalas de Viye e Andulo, com a última tornando-se um reino fantoche.[4]

Em Luanda é investido Ekuikui I como Soma Inene (rei) bailundo, sendo este um monarca favorável a Portugal.[4]

Grande batalha biena

Cientes da dificuldade de atacar o Bailundo e o Bié ao mesmo tempo, os portugueses começaram a por em prática a estratégia de derrotar os reinos de dentro para fora. Assim, foram enviados mercenários que apoiaram a facção de Kangombe I.[1]

Uma estratégia de guerrilhas permaneceu entre 1776 e 1778, quando, ao derrotar os bailundos, Portugal reuniu forças para tentar imprimir derrota aos bienos.[3]

Em 1778, numa grande batalha, o Cuíto foi invadido pelas tropas lusitanas. O rei Ndjilahulu I foi deposto, assumindo em seu lugar Kangombe I.[1]

Ver também

Referências

  1. a b c d e f Blog TV Navegante. A Revolta do Mutu-ya-Kevela. 10 de março de 2017.
  2. Douglas Wheeler. «The Bailundo Revolt of 1902» (PDF). Redeemer's University. Consultado em 9 maio de 2015 
  3. a b c Sungo, Marino Leopoldo Manuel. O reino do Mbalundu: identidade e soberania política no contexto do estado nacional angolano atual. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2015.
  4. a b c d e f g h Ceita, Constança do Nascimento da Rosa Ferreira de. Silva Porto na África Central – VIYE / ANGOLA: história social e transcultural de um sertanejo (1839-1890). Tese de Doutoramento. Universidade Nova de Lisboa, Departamento de Estudos Portugueses, 2015.