Revolução Ruandesa

Revolução Ruandesa, também conhecida como a Revolução Social ou Vento da Destruição [1] (quiniaruanda: muyaga)[2], foi um período de violência étnica em Ruanda entre 1959 e 1961 entre os hutus e os tutsis, dois dos três grupos étnicos em Ruanda. A revolução viu a transição do país de uma colônia belga com uma monarquia tutsi para uma república independente dominada pelos hutus.

Ruanda tinha sido governada por uma monarquia tutsi pelo menos desde o século XVIII, com políticas arraigadas anti-hutus e pró-tutsis. A Alemanha e a Bélgica controlaram sucessivamente Ruanda através do início do século XX, com ambos os países europeus governando através de reis e perpetuando uma política pró-tutsi. Depois de 1945, desenvolveu-se um contra-elite hutu, levando à deterioração das relações entre os grupos. A liderança tutsi ansiava pela rápida independência para consolidar seu poder e a elite hutu pedia pela transferência de poder dos tutsis para os hutus (uma postura cada vez mais apoiada pela Igreja Católica Romana e o governo colonial).

A revolução começou em novembro de 1959 com uma série de tumultos e ataques incendiários em casas de tutsis após relatórios falsos do assassinato de um subchefe hutu por ativistas tutsis. A violência se espalhou rapidamente por todo o país. O rei e os políticos tutsis tentaram um contra-ataque para tomar o poder e ostracizar os hutus e os belgas, mas foram frustrados pelo coronel belga Guy Logiest, que foi trazido pelo governador colonial. Logiest restabeleceu a ordem pública, iniciando um programa para promover e proteger a elite hutu. Os belgas, em seguida, substituíram muitos chefes e subchefes tutsis com hutus, confiando ao Rei Kigeli V (1936 – 2016) o status de figura decorativa; Kigeli depois fugiu do país. Apesar da continuação da violência anti-tutsi, a Bélgica organizou eleições locais em meados de 1960. Os partidos hutus assumiram o controle de quase todas as communes, efetivamente terminando a revolução. Logiest e o líder hutu Grégoire Kayibanda declararam Ruanda uma república autônoma em 1961 e o país tornou-se independente em 1962.

A revolução levou pelo menos 336 mil tutsis a fugir para os países vizinhos, onde viviam como refugiados. Embora os exilados ansiavam para um retorno imediato a Ruanda, estavam divididos entre aqueles que procuravam negociação e aqueles que pretendiam derrubar o novo regime. Alguns exilados formaram grupos armados (chamados inyenzi ou "baratas", pelo governo hutu), que lançaram ataques em Ruanda. Os maiores ocorreram no final de 1963, quando um ataque surpresa se aproximou de Kigali. O governo reagiu, derrotando os inyenzi e matando milhares dos tutsis restantes em Ruanda. Nenhuma outra ameaça seria representada pelos refugiados até os anos 1990, quando uma guerra civil iniciada pelos refugiados tutsis da Front Patriotique Rwandais (FPR) forçou o governo hutu a negociações. Isto levou a um aumento do extremismo hutu e do genocídio de 1994, em que centenas de milhares de tutsis foram mortos antes que a FPR assumisse o controle.

Ver também

Notas

  1. Gourevitch 2000, p. 59.
  2. Prunier 1999, p. 41.

Referências

  • Appiah, Anthony; Gates, Henry Louis (2010). Encyclopedia of Africa, Volume 1 illustrated ed. Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-533770-9 
  • BBC News (I) (9 de março de 2010). «Mbonyumutwa son protests at Rwanda leader exhumation» 
  • BBC News (II) (12 de janeiro de 2010). «Hutus 'killed Rwanda President Juvenal Habyarimana'» 
  • Carney, J.J. (2013). Rwanda Before the Genocide: Catholic Politics and Ethnic Discourse in the Late Colonial Era. Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-199982-27-1 
  • Chrétien, Jean-Pierre (2003). The Great Lakes of Africa: Two Thousand Years of History. Cambridge, Mass.: MIT Press. ISBN 978-1-890951-34-4 
  • Dallaire, Roméo (2005). Shake Hands with the Devil: The Failure of Humanity in Rwanda. London: Arrow. ISBN 978-0-09-947893-5 
  • Dorsey, Learthen (1994). Historical Dictionary of Rwanda. Metuchen, N.J.: Scarecrow Press. ISBN 978-0-8108-2820-9 
  • Gourevitch, Philip (2000). We Wish To Inform You That Tomorrow We Will Be Killed With Our Families Reprint ed. London; New York, N.Y.: Picador. ISBN 978-0-330-37120-9 
  • Halsey Carr, Rosamond; Halsey, Ann Howard (2000). Land of a Thousand Hills: My Life in Rwanda. [S.l.]: Penguin. p. 115. ISBN 978-1-1011-4351-3  A referência emprega parâmetros obsoletos |p= (ajuda)
  • Henley, Jon (31 de outubro de 2007). «Scar tissue». The Guardian. London 
  • King, David C. (2007). Rwanda (Cultures of the World). New York, N.Y.: Benchmark Books. ISBN 978-0-7614-2333-1 
  • Linden, Ian; Linden, Jane (1977). Church and Revolution in Rwanda illustrated ed. Manchester: Manchester University Press. ISBN 978-0719-00-671-5 
  • Mamdani, Mahmood (2002). When Victims Become Killers: Colonialism, Nativism, and the Genocide in Rwanda. Princeton, N.J.: Princeton University Press. ISBN 978-0-691-10280-1 
  • Melvern, Linda (2000). A people betrayed: the role of the West in Rwanda's genocide 8, illustrated, reprint ed. London; New York, N.Y.: Zed Books. ISBN 978-1-85649-831-9 
  • Newbury, Catharine (1988). The Cohesion of Oppression: Clientship and Ethnicity in Rwanda, 1860–1960. New York, N.Y.: Columbia University Press. ISBN 978-0-231-06257-2 
  • Page, Melvin E.; Sonnenburg, Penny M. (2003). Colonialism: an international, social, cultural, and political encyclopedia. A-M. Vol. 1, Volume 1. [S.l.]: ABC-CLIO. ISBN 978-1-576-07335-3 
  • Prunier, Gérard (1999). The Rwanda Crisis: History of a Genocide 2nd ed. Kampala: Fountain Publishers Limited. ISBN 978-9970-02-089-8 
  • Rwanda Development Board (RDB) (I) (6 de janeiro de 2009). «Tourism and Conservation Performance in 2008» 
  • Sabar, Ariel (27 de março de 2013). «A King With No Country». Washingtonian. Washington, D.C. 
  • Shyaka, Anastase. «The Rwandan Conflict: Origin, Development, Exit Strategies» (PDF). National Unity and Reconciliation Commission, Republic of Rwanda 
  • United Nations (II). «International Trusteeship System» 
  • United Nations (III). «Trust and Non-Self-Governing Territories (1945–1999)» 
  • United Nations Development Programme (UNDP) (2010). «Human Development Index Trends, 1980–2010» (PDF) 


  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Rwandan Revolution».