Runas

Runas

Códice Rúnico - um pergaminho do século XIII com a Lei da Escânia
Tipo Alfabeto
Línguas Línguas germânicas
Período de tempo
Século II – presente
Sistemas-pais
Alfabeto fenício
Alfabeto rúnico antigo (Futhark antigo)
Pedra rúnica de Skänninge com runas do século XI em Skänninge, Suécia
Osso com alfabeto rúnico, encontrado em Lund
Sino da Igreja de Saleby, com inscrições rúnicas de 1228
Pente de Vimose (Dinamarca) com a inscrição rúnica mais antiga que se conhece - harja (possivelmente o nome do dono do pente)[1]
Cornos de ouro de Gallehus, contendo uma inscrição em nórdico primitivo, encontrados na Dinamarca e datados para o século V
Pedra de Kallerup, achada na Dinamarca e datada para o século VIII

As runas são letras características, usadas para escrever nas línguas germânicas da Europa do Norte, sobretudo Escandinávia, ilhas Britânicas e Alemanha (regiões habitadas pelos povos germânicos) desde o século II ao XI. Tais caracteres têm sido encontrados em pedras rúnicas, e em menor número em ossos e peças de madeira, assim como em pergaminhos e placas metálicas.[2][3][4][5][6][falta página][7]

Fehu f Uruz u Þurisaz þ Ansuz a Raido r Kaunan k Gebo g Wunjo w
Haglaz h Naudiz n Isaz i Jeran j Eihwaz ï Perþo p Algiz z Sowilo s
Tiwaz t Berkanan b Ehwaz e Mannaz m Laukaz l Ingwaz ŋ Dagaz d Oþalan o

As inscrições rúnicas mais antigas datam de cerca do ano 150. O alfabeto rúnico foi sucessivamente substituído pelo alfabeto latino, com o avanço do cristianismo na Europa Central, no século VI, e na Escandinávia, no século XI.[4] O alfabeto rúnico germânico primitivo tinha 24 runas, e era usado nas atuais Alemanha, Dinamarca e Suécia, desde a época inicial. A lista ordenada das runas é conhecida como Futhark antigo (devido às suas primeiras seis letras serem 'F', 'U' 'Th', 'A', 'R', e 'K' - ᚠᚢᚦᚨᚱᚴ), e foi usada até à Idade Média.[8]

Alfabeto rúnico, na Pedra de Klyver, datada de 400

Na Escandinávia - Dinamarca, Suécia e Noruega, as inscrições mais antigas que se conhecem, usavam esses 24 caracteres, tendo todavia esse alfabeto inicial sido sucessivamente reduzido a apenas 16 caracteres — o Futhark recente, também conhecido como "runas escandinavas".[9]

A versão anglo-saxónica, com 28 caracteres, é conhecida como Futhorc (um nome também com origem nas primeiras letras deste alfabeto).[10]

Contudo, o uso de runas persistiu para propósitos especializados, principalmente na província histórica sueca de Dalarna até ao início do século XIX (usado principalmente para decoração e em calendários rúnicos). [11] [12] Além do alfabeto, a cultura germânica antiga possuía um calendário rúnico, cujo ano se iniciava no dia 23 de junho, representado pela runa Feob. [13] [carece de fontes?]

Runemal

Runemal com 16 peças

Runemal era a arte do uso de alfabetos rúnicos para obter respostas, como um oráculo, instrumento usado pelos iniciados nesta arte desde o pré-cristianismo para o auto-conhecimento. Arte denominada de pagã pelo cristianismo.[14]

Origem Mitológica das Runas

Contam as lendas víkings que os deuses moravam em Asgard, um lugar localizado no topo de Yggdrasil, a Árvore que sustenta os nove mundos. Nesta árvore, o deus Odin conheceu a sua maior provação e descobriu o mistério da sabedoria: as Runas. Alguns versos da Edda poética, um livro de poemas compostos entre os séculos IX e XIII, contam esta aventura de Odin em algumas de suas estrofes:[15]

"Sei que fiquei pendurado naquela árvore fustigada pelo vento,

Lá balancei por nove longas noites,

Ferido por minha própria lâmina, sacrificado a Odim,

Eu em oferenda a mim mesmo:

Amarrado à árvore

De raízes desconhecidas.

Ninguém me deu pão,

Ninguém me deu de beber.

Meus olhos se voltaram para as mais entranháveis profundezas,

Até que vi as Runas.

Com um grito ensurdecedor peguei-as,

E, então, tão fraco estava que caí.

Ganhei bem-estar

E sabedoria também.

Uma palavra, e depois a seguinte,

conduziram-me à terceira,

De um feito para outro feito."

Esta é a criação mítica das Runas, na qual o sacrifício de Odin (que logo depois foi ressuscitado por magia) trouxe para a humanidade essa escrita alfabética antiga, cujas letras possuíam nomes significativos e sons também significativos, e que eram utilizadas na poesia, nas inscrições e nas adivinhações, mas que nunca chegaram a ser uma língua falada.[16]

Transliteração do alfabeto rúnico

Rúnico Latino
Complexo Simplificado
F F
V V
U U
Ʀ Yr
Y Y
W W
Þ TH
Ð D
A A
Ô O
 A
Ō O
Ŏ O
Ó O
Œ Œ
R R
K
K K
G G
Ŋ NG
Ĝ G
Ƿ W
H H
Ĥ H
Ȟ H
H
N N
Ņ N
N
I I
E E
J J
Ǣ Æ
Ă A

Æ

Æ
P P
Z
S S
Š S
Ş S
C C
Z Z
T T
Ţ T
D D
B B
B
P
P
Ê E
M M
M
M
L L
Ŀ L
Nᵍ NG
N̂ᵍ NG
D
Ò O
IOR IOR
Ʀ̌
Ʀ̧
Ʀ̂
Q Q
X X
. .

:

:

Ver também

Referências

  1. Haugen 2013, p. 135.
  2. Magnusson 2004, p. 76.
  3. Enciclopédia Norstedts 2008, p. 1097.
  4. a b Miranda 2007, p. 833.
  5. Muceniecks 2014, p. 5-10.
  6. Birro 2014.
  7. «Så läser du runor (Como ler as runas)» (em sueco). Igreja da Suécia – Svenska kyrkan. Consultado em 14 de março de 2019 
  8. Haugen 2013, p. 138.
  9. Haugen 2013, p. 154.
  10. Jaan Puhvel. «Epigraphy» (em inglês). Encyclopædia Britannica (Enciclopédia Britânica). Consultado em 13 de março de 2019 
  11. «Runor efter vikingatiden - Vad är dalrunor? (As runas depois da Era dos Vikings - O que são as runas dalecarlianas?)» (em sueco). Riksantivarieämbetet (Autoridade Nacional da Herança Cultural (Suécia)). Consultado em 14 de março de 2019 
  12. «Dalrunor (Runas dalecarlianas)» (em sueco). Nationalencyklopedin (Enciclopédia Nacional Sueca). Consultado em 14 de março de 2019 
  13. Birro, Renan Marques. «As representações das runestones entre os antiquários escandinavos (sécs.XVIXVII)» (PDF). XXVIII Simpósio Nacional de História. Consultado em 19 de fevereiro de 2024. Entre os documentos enviados, havia um calendário rúnico com início em 1328. 
  14. Ralph Blum. «1. O oráculo do eu» (PDF). O livro de runas. Consultado em 18 de março de 2019 
  15. Stålbom 1994, p. 14-18.
  16. Ralph Blum. «2. O ressurgimento das runas» (PDF). O livro de runas. Consultado em 18 de março de 2019 

Bibliografia

  • Birro, Renan M. (2014). «Uma brevíssima introdução sobre as runas e o estudo das runas». Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Fato & Versões (2). ISSN 1983-1293 
  • Haugen, Odd Einar (2013). Den eldre futharken [O Futhark antigo]. Handbok i norrøn filologi (em norueguês). Bergen: Fagbokforlaget. 797 páginas. ISBN 978-82-450-1109-8 
  • Magnusson, Thomas; Sjögren, Peter A. (2004). «Runorna». Vad varje svensk bör veta (O que todos os suecos devem saber) (em sueco). Estocolmo: Albert Bonniers Förlag e Publisher Produktion AB. 654 páginas. ISBN 91-0-010680-1  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  • Miranda, Ulrika Junker; Hallberg, Anne (2007). «Runor». Bonniers uppslagsbok (em sueco). Estocolmo: Albert Bonniers Förlag. 1143 páginas. ISBN 91-0-011462-6  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  • Muceniecks, André (2014). «Runas: Uma Introdução». Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos, Universidade Federal da Paraíba. Notícias Asgardianas (7): 5-10. ISSN 1679-9313 
  • Stålbom, Göran (1994). «Myten om runornas ursprung (Mito da origem da runas)». Runristningar (em sueco). Estocolmo: Fabel förlag. 206 páginas. ISBN 91 7842 1705 

Ligações externas

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  • Runas, teoria e prática ebook sobre o uso pagão das runas.
  • Futhark: International Journal of Runic Studies
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Desenho de um pingente de Mjönil, o martelo de Thor, encontrado em 1877 em Skåne, na Suécia.
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