António Pequito Seixas de Andrade

António Pequito Seixas de Andrade

António Adriano Pequito Seixas de Andrade (Gavião, 10 de agosto de 1819 — Gavião, 3 de setembro de 1895) foi um advogado e político, conselheiro, par do Reino vitalício e ministro de Estado, que se destacou como dirigente do Partido Progressista.[1] Foi ministro e Secretário de Estado dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça no 29.º governo da Monarquia Constitucional (22 de julho de 1868 a 2 de agosto de 1869).[2]

Biografia

Nasceu em Gavião, Alto Alentejo, filho do desembargador João Pequito de Andrade e de sua esposa Perpétua Maria Aires de Oliveira Seixas.

Estudou direito na Universidade de Coimbra, onde obteve o grau de bacharel a 11 de julho de 1842. Aluno brilhante, foi o segundo estudante premiado do seu curso.[1]

Ingressou na magistratura, tendo a 8 de julho de 1846 sido nomeado delegado do Procurador Régio na comarca de Portalegre. Contudo, pouco depois exonerou-se do lugar, dedicando-se à advocacia em Lisboa, onde se notabilizou na defesa de causas de grande importância.[1]

Ingressou na política em 1851 ao ser eleito deputado pelo círculo de Portalegre nas listas do Partido Reformista, partido em que se filiara. Nas eleições gerais seguintes foi sucessivamente eleito deputado pelos círculos de Sardoal e de Nisa, permanecendo no parlamento até 1871.Integrou a Comissão de Revisão do Código Civil, o que lhe valeu receber carta de conselho.[1]

Foi ministro e Secretário de Estado dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça no 29.º governo da Monarquia Constitucional (22 de julho de 1868 a 11 de agosto de 1869), presidido pelo marquês de Sá da Bandeira.[2] O governo é considerado o primeiro governo reformista pela medidas tomadas na administração, nomeadamente na saúde e obras públicas. Uma das medidas mais marcantes, foi a abolição da escravatura em 23 de fevereiro de 1869. Por estar doente apenas exerceu tais funções de 24 de julho de 1869 a 2 de agosto seguinte, sendo até então substituído por António Alves Martins.[1]

Para além da abolição da escravatura, foi durante a sua gestão da pasta da justiça que foi preso e condenado o famoso bandoleiro e cacique político João Brandão, que com a sua quadrilha e ao serviço de diversos grupos políticos, aterrorizavam a província da Beira, particularmente o distrito de Coimbra.

João Brandão, que desde há muito gozava da protecção dos políticos locais que beneficiavam das chapeladas eleitorais por ele organizadas, foi condenado em 1870 ao degredo para Angola, onde morreu. O mérito pela prisão e condenação foi atribuído a Seixas de Andrade, que para garantir que o julgamento não seria manipulado pela influência política do acusado providenciou a nomeação de magistrados rigorosos e dificilmente manipuláveis.

Enquanto membro do governo, foi agraciado pelo governo espanhol com a grã-cruz da Ordem de Carlos III.

Entretanto ingressara na administração pública, sendo nomeado chefe da 2.ª Repartição do Ministério da Justiça, mas demitiu-se em abril de 1869 alegando mau estado de saúde.

Em consequência do Pacto da Granja ingressou no Partido Progressista, assumindo um papel muito ativo nas lutas políticas, mantendo-se como membro da Câmara dos Pares do Reino até 1890. Nesse ano afastou-se da atividade política, mas fiel às tradições liberais fazia ouvir a sua voz a bem do que julgou útil e conveniente.

Ao seu carácter justo e austero aliavam-se os mais nobres sentimentos de caridade a filantropia. Dotou a Santa Casa da Misericórdia de Gavião com oito contos de réis, e no testamento deixou um prémio perpétuo para ser dado todos os anos à aluna pobre que mais se distinguisse na escola pública da sua freguesia de Gavião.[1]

Referências

  1. a b c d e f Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume I, pág. 498.
  2. a b «Governo de Sá da Bandeira 1868-1869». www.iscsp.ulisboa.pt [ligação inativa].

Ligações externas

  • Portugal: Dicionário Histórico: Andrade (António Pequito Seixas de)
  • v
  • d
  • e
Presidente do Conselho
de Ministros
Marquês de Sá da Bandeira, 27.º chefe de governo de Portugal
Ministros e
Secretários de Estado
Reino
Negócios Eclesiásticos
e de Justiça
António Pequito Seixas de Andrade (1868) • António Alves Martins interino (1868) • António Pequito Seixas de Andrade continuação (1868–1869) • António Alves Martins interino (1868) • António Pequito Seixas de Andrade continuação (1869) • João José de Mendonça Cortês (1869)
Fazenda
Guerra
Marinha e Ultramar
Negócios Estrangeiros
Carlos Bento da Silva interino (1868) • Marquês de Sá da Bandeira interino (1868) • Carlos Bento da Silva interino; continuação (1868) • Marquês de Sá da Bandeira interino (1868–1869)
Obras Públicas, Comércio
e Indústria
← 28.º governo (1868) • 30.º governo (1869–1870) →
  • v
  • d
  • e

Luís Mouzinho de Albuquerque António César de Vasconcelos Correia (interino) José António Ferreira Brak-Lamy José Dionísio da Serra José Xavier Mouzinho da Silveira Joaquim António de Magalhães José da Silva Carvalho (interino) Joaquim António de Aguiar António Barreto Ferraz de Vasconcelos • Manuel Duarte Leitão Manuel António de Carvalho João de Sousa Pinto de Magalhães Manuel António Velez Caldeira • Joaquim António de Aguiar (2.ª vez) António Vieira de Castro Francisco de Paula de Oliveira (não empossado) António Vieira de Castro (reconduzido) Passos Manuel (interino) António Dias de Oliveira (interino) José Alexandre de Campos João de Oliveira Manuel Duarte Leitão (2.ª vez; interino) António Fernandes Coelho (interino) João Cardoso da Cunha Araújo • António Bernardo da Costa Cabral Joaquim António de Aguiar (3.ª vez; interino) Joaquim António de Magalhães (2.ª vez; interino) Joaquim Filipe de Soure Junta Provisória de Governo Luís Mouzinho de Albuquerque (2.ª vez; interino) João Baptista Felgueiras António de Azevedo Melo e Carvalho Visconde de Algés Duque da Terceira (interino) Conde de Tomar (interino) José Bernardo da Silva Cabral (inicialmente interino) Conde de Tomar (interino) Duque de Palmela (interino) Joaquim Filipe de Soure (2.ª vez) Joaquim António de Aguiar (4.ª vez) José Jacinto Valente Farinho Manuel Duarte Leitão (3.ª vez) Francisco da Silva Ferrão Bernardo Gorjão Henriques (interino) Joaquim José de Queirós José Joaquim de Azevedo e Moura João Elias da Costa Faria e Silva • José Marcelino de Sá Vargas Félix Pereira de Magalhães • Marino Miguel Franzini (interino) Joaquim Filipe de Soure (3.ª vez) António Bernardo da Fonseca Moniz (não empossado) Rodrigo da Fonseca (interino) António Luís de Seabra Rodrigo da Fonseca (2.ª vez; interino) Frederico Guilherme da Silva Pereira Elias da Cunha Pessoa Vicente Ferrer António José de Ávila (interino) José Silvestre Ribeiro António José de Ávila (2.ª vez; interino) João Martens Ferrão Alberto António de Morais Carvalho • Gaspar Pereira da Silva • Anselmo José Braamcamp (interino) Gaspar Pereira da Silva (continuação) António Aires de Gouveia Júlio Gomes da Silva Sanches (interino) Augusto César Barjona de Freitas Visconde de Seabra (2.ª vez) António Alves Martins (interino) António Pequito Seixas de Andrade • António Alves Martins (interino) António Pequito Seixas de Andrade (continuação) João José de Mendonça Cortês • José Luciano de Castro Duque de Saldanha (interino) José Dias Ferreira (interino) Marquês de Ávila (interino) António Alves Martins (interino) Augusto Saraiva de Carvalho José de Melo Gouveia (interino) José Marcelino de Sá Vargas (2.ª vez) Augusto César Barjona de Freitas (2.ª vez) António Cardoso Avelino José de Sande Magalhães Mexia • Augusto César Barjona de Freitas (3.ª vez) Tomás Ribeiro (interino) António Maria do Couto Monteiro • Adriano Machado António José de Barros e Sá Júlio de Vilhena Lopo Vaz de Sampaio e Melo Augusto César Barjona de Freitas (4.ª vez; interino) Manuel de Assunção • Francisco da Veiga Beirão José Luciano de Castro (interino) Francisco da Veiga Beirão (continuação) Lopo Vaz de Sampaio e Melo (2.ª vez) Emílio Brandão • Alberto António de Morais Carvalho (2.ª vez) António Aires de Gouveia (interino) António Teles de Vasconcelos António de Azevedo Castelo Branco Francisco da Veiga Beirão (2.ª vez) José de Alpoim Artur de Campos Henriques Luís Pimentel Pinto (interino) Artur de Campos Henriques (continuação) José de Alpoim (2.ª vez) Artur Montenegro Artur de Campos Henriques (2.ª vez) José de Abreu do Couto de Amorim Novais • António José Teixeira de Abreu Artur de Campos Henriques (3.ª vez) João de Alarcão Conde de Castro e Sola Francisco José de Medeiros Venceslau de Lima (interino) Artur Montenegro (2.ª vez) Francisco da Veiga Beirão (3.ª vez) Manuel Fratel

Bandeira de Portugal (1830–1910)
« Antigo Regime
Primeira República »
  • Portal de biografias
  • Portal do direito
  • Portal da política
  • Portal de Portugal
  • Portal da lusofonia