Manuel da Câmara Velho Melo Cabral

Manuel da Câmara Velho Melo Cabral
Nascimento 4 de setembro de 1869
Fajã de Baixo
Morte 4 de setembro de 1939
Ponta Delgada
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Ocupação jornalista, escritor, político
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Manuel da Câmara Velho de Melo Cabral (Fajã de Baixo, 4 de Setembro de 1869 — Ponta Delgada, 4 de Setembro de 1939), também conhecido por Manuel da Câmara, foi um jornalista, escritor e político, que se notabilizou como contista. Foi governador civil do Distrito da Horta (1918-1919).[1][2]

Biografia

Nasceu na Fajã de Baixo, na ilha de São Miguel, no seio de uma família da aristocracia tradional, filho de João Luís da Câmara Melo Cabral, grande proprietário rural na Atalhada e na então vila da Lagoa, e de sua mulher Maria Isabel Botelho.[3]

Completados os estudos secundários em Ponta Delgada, onde se iniciou nas lides jornalísticas e literárias, publicando, ainda estudante, contos e artigos de temática diversa nos jornais micaelenses. Mudou-se para Lisboa, onde trabalhou como redactor do Jornal de Lisboa, ao tempo dirigido pelo micaelense Armando da Silva.[1] Em Lisboa frequentou a boémia elegante, relacionando-se com as principais personalidades do meio tetral, jornalístico e político.

Sem abandonar o seu interesse pelo jornalismo e pela escrita, ingressou no funcionalismo público como funcionário das Finanças, sendo colocado em Ponta Delgada. Foi pouco depois nomeado administrador do concelho da Lagoa, onde em 1905 fundou o jornal Vigilante. Foi seguidamente transferido para igual cargo no concelho de Ponta Delgada, onde fundou o periódico intitulado O Distrito. Foi transferido para a cidade da Horta, na ilha do Faial, onde a 2 de dezembro de 1913 tomou posse do cargo de tesoureiro da Fazenda Pública do concelho da Horta.

Na Horta manteve a sua actividade como jornalista e escritor, sendo nomeado governador civil do Distrito da Horta durante o consulado sidonista. Tomou posse do cargo de governador civil no dia 22 de maio de 1918, em resultado do alvará de nomeação assinado pelo Alto-Comissário da República nos Açores, o general José Augusto de Simas Machado. O seu governo ficou marcado pelas dificuldades resultantes da Primeira Guerra Mundial e da crónica instabilidade política da Primeira República Portuguesa, centrando-se nos problemas do abastecimento alimentar às ilhas, particularmente à resolução da falta de cereais e das dificuldades de importação do milho, principal alimento das famílias mais pobres.[3] Foi exonerado do cargo de governador civil em janeiro de 1919, com efeitos a 18 de fevereiro daquele ano, na sequência do assassinato de Sidónio Pais.

Regressou à sua função de tesoureiro da Fazenda Pública da Horta, onde se manteve até à década de 1930, regressando à ilha de São Miguel onde viria a falecer, curiosamente no dia do seu aniversário.

Ficou principalmente conhecido como jornalista e escritor, com o nome abreviado de Manuel da Câmara, com que publicou a maioria da sua obra. Destacou-se principalmente como contista, com uma obra literária de prosa elegante e esmerada.[1]

Obras publicadas

Publicou a maioria da sua obra em jornais e revistas, quase sempre assinando como Manuel da Câmara. Deixou ainda as seguintes monografias:[4]

  • Vinte Contos Insulanos: Narrativas Açorianas. Horta, Tip. O Telégrafo, 1917.
  • Uma Mística Açoriana do século XVII. Ponta Delgada, Ed. da revista Os Açores, 1924.
  • A Morgadinha de Valongo, 1927.
  • Antero de Quental e a sua Morte. Ponta Delgada, Tip. Diário dos Açores, 1930.

Notas

  1. a b c Nota biográfica na Enciclopédia Açoriana.
  2. António de Mattos e Silva (coord.), «Câmara de Mello Cabral» in Anuário da Nobreza de Portugal, vol. II, p. 3. Instituto Português de Heráldica, Lisboa, 1985.
  3. a b Fernando Faria, «25. Governador Manuel da Câmara» in Tribuna das Ilhas, edição de 26 de novembro de 2010.
  4. Eugénio Lisbos (coord.), Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, vol. III. Europa-América, Lisboa, 1994.

Ligações externas

  • Retrato de Manuel da Câmara
Controle de autoridade
  • v
  • d
  • e
Monarquia
Constitucional
António José Joaquim de Miranda  • António Mariano de Lacerda • António Joaquim Nunes de Vasconcelos • Francisco de Paula de Vilas Boas • António José Vieira Santa Rita (1.ª vez) • Rodrigo de Sousa Coutinho Teixeira de Andrade Barbosa, conde de Linhares • António José Vieira Santa Rita (2.ª vez) • José Cupertino da Fonseca e Brito • António José Vieira Santa Rita (3.ª vez) • Nicolau Anastácio de Bettencourt (1.ª vez) • Francisco Maria de Freitas Jácome • Joaquim José Pereira da Silveira e Sousa • Nicolau Anastácio de Bettencourt (2.ª vez) • Luís Teixeira de Sampaio • António José Vieira Santa Rita (4.ª vez) • Júlio de Castilho, visconde de Castilho • António Maria de Oliveira • Manuel Francisco de Medeiros (1.ª vez) • Manuel Maria de Melo e Simas • António Patrício da Terra Pinheiro • Manuel Francisco de Medeiros (2.ª vez) • Manuel de Arriaga Nunes • Guilherme Read Cabral • José de Almeida de Ávila • Amâncio Rodolfo Pinheiro da Costa Ribeiro • António Emílio Severino de Avelar (2.ª vez) • Miguel António da Silveira • Diogo de Barcelos Machado Bettencourt • José Bressane Leite Perry, visconde de Leite Perry (1.ª vez) • António Joaquim Durães • Alfredo Borges da Silva (interino) • Francisco de Andrade Albuquerque • José Bressane Leite Perry, visconde de Leite Perry (2.ª vez) • Manuel António Lino • Augusto da Silva Carvalho Osório • João Joaquim André de Freitas • José Bressane Leite Perry, visconde de Leite Perry (3.ª vez) • João António Cochado Martins • António Emílio Severino de Avelar (2.ª vez)
Estandarte dos governadores civis
1.ª República
José Machado Serpa • Augusto Goulart de Medeiros • Edwiges Goulart Prieto • José Charters de Azevedo Lopes Vieira • António Emílio Severino de Avelar (3.ª vez) • Caetano Moniz de Vasconcelos • António Birne Pereira • António Luís Serrão de Carvalho • Fernando Joaquim Armas • Manuel Francisco Neves Júnior (1.ª vez) • Manuel da Câmara Velho Melo Cabral • Manuel Francisco Neves Júnior (2.ª vez) • António Mesquita • Luís Caldeira Mendes Saraiva • Manuel Francisco Neves Júnior (3.ª vez) • Gabriel Baptista de Simas (1.ª vez) • Manuel Francisco Neves Júnior (4.ª vez) • Gabriel Baptista de Simas (2.ª vez) • Carlos Alberto da Silva Pinheiro • Manuel Francisco Neves Júnior (5.ª vez) • Álvaro Soares de Melo • Joaquim Gualberto da Cunha Melo
Ditadura Nacional
António de Mendonça Monteiro • Alberto Goulart de Medeiros • Fernando Mouzinho de Albuquerque (Alto Comissário) • José Soares de Mesquita • Fernando da Costa • Augusto Pais da Graça de Almeida e Silva • Alfredo Sampaio • José Malheiro Cardoso da Silva
Estado Novo
3.ª República