Equação diferencial ordinária

Em matemática e em particular na análise, uma equação diferencial ordinária (ou EDO) é uma equação que envolve as derivadas de uma função desconhecida de uma variável. Um exemplo simples de uma equação diferencial ordinária é

f = f , {\displaystyle f'=f,\,}

onde f {\displaystyle f} é uma função desconhecida, e f {\displaystyle f'} a sua derivada.

Definição

Seja y uma função de x e que

y , y ,   ,   y ( n ) {\displaystyle y',y'',\ \dots ,\ y^{(n)}}

denote as suas derivadas

d y d x ,   d 2 y d x 2 ,   ,   d n y d x n {\displaystyle {\frac {dy}{dx}},\ {\frac {d^{2}y}{dx^{2}}},\ \dots ,\ {\frac {d^{n}y}{dx^{n}}}} .

Uma equação diferencial ordinária (EDO) é uma equação que envolve

x ,   y ,   y ,   y ,   {\displaystyle x,\ y,\ y',\ y'',\ \dots } .

A ordem de uma equação diferencial é a ordem n {\displaystyle n} da maior derivada na equação.

Uma solução de uma EDO é uma função y(x) cujas derivadas satisfazem a equação. Não está garantido que tal função exista, e caso exista, normalmente ela não é única.

Quanto à linearidade: uma equação diferencial ordinária de ordem n pode ser vista como uma função

F ( x , y , y ,   ,   y ( n ) ) = 0 {\displaystyle F(x,y',y'',\ \dots ,\ y^{(n)})=0} . Dizemos que a equação diferencial é linear se F {\displaystyle F} for linear em y , y ( x ) ,   ,   y ( n ) ( x ) {\displaystyle y,y'(x),\ \dots ,\ y^{(n)}(x)} . [1]

Ao que se refere aos coeficientes, uma equação diferencial pode ter coeficientes constantes ou funções da variável independente.

Quando uma equação diferencial de ordem n tem a forma

F ( x , y , y ,   ,   y ( n ) ) = 0 {\displaystyle F(x,y',y'',\ \dots ,\ y^{(n)})=0}

é designada equação diferencial implícita, enquanto que a forma

F ( x , y , y ,   ,   y ( n 1 ) ) = y ( n ) {\displaystyle F(x,y',y'',\ \dots ,\ y^{(n-1)})=y^{(n)}}

é designada equação diferencial explícita.

Uma equação diferencial é autônoma se não depender explicitamente de x, e homogênea se todos os termos da equação diferencial dependem exclusivamente de x.

Exemplos práticos

Equações diferenciais são usadas muito frequentemente para descrever processos nos quais a mudança de uma medida ou dimensão é causada pelo próprio processo.

Historicamente, as primeiras equações diferenciais foram as relativas à aceleração igual ou desigual, que Galileo Galilei pôde medir, ainda que com métodos geométricos.

Isaac Newton e Gottfried Leibniz introduziram o cálculo diferencial e, este último, as equações diferenciais como as conhecemos hoje.

Por exemplo na Física, a lei da vida média prevê que o número de átomos que se decompõem por unidade de tempo numa massa de átomos instáveis dependem do total N dos átomos existentes (aqui é necessário considerar-se que, por ser N um número muito grande, pode-se considerar sua variação contínua e determinística; no caso de N ser um número pequeno deve-se considerar sua variação discreta e estocástica, e o método mais adequado é outro).

Desta forma, a diminuição do número de átomos é proporcional ao total de átomos:

d d t N ( t ) = c N ( t ) . {\displaystyle {\frac {\mathrm {d} }{\mathrm {d} t}}N(t)=c\;N(t).}

Pelo cálculo da função N ( t ) {\displaystyle N(t)\!} nesta equação diferencial, torna-se possível determinar o número total de átomos a cada momento no tempo.

Um outro exemplo simples é o oscilador inalterado harmónico com a equação diferencial

m a = m d 2 d t 2 x ( t ) = k x ( t ) . {\displaystyle m\;a=m\;{\frac {\mathrm {d} ^{2}}{\mathrm {d} t^{2}}}x(t)=-k\;x(t).}

A função procurada aqui é a função x ( t ) {\displaystyle x(t)\!} , cuja segunda derivada em relação ao tempo advém das leis do movimento.

Equações diferenciais específicas

Equações diferenciais lineares

Ver artigo principal: Equação diferencial linear

Uma EDO é linear quando os termos envolvendo a função a ser determinada aparecem apenas de forma linear, ou seja, podemos escrever a EDO como

f n ( x ) y ( n ) ( x ) + f n 1 ( x ) y ( n 1 ) ( x ) + + f 1 ( x ) y ( x ) + f 0 ( x ) y ( x ) = q ( x ) {\displaystyle f_{n}(x)y^{(n)}(x)+f_{n-1}(x)y^{(n-1)}(x)+\ldots +f_{1}(x)y'(x)+f_{0}(x)y(x)=q(x)\,}

Esta equação é de grau n quando a função fn(x) não é identicamente nula.

Outros casos

Solução de uma Equação Diferencial Ordinária

Uma solução para uma equação diferencial é uma função que satisfaz a identidade da equação. A solução mais geral possível que admite uma equação diferencial é denominada solução geral enquanto que outra solução é chamada uma solução particular.[2]

Exemplo

y + y = 0 {\displaystyle y'+y=0}

Solução particular: y ( x ) = e x {\displaystyle y(x)=e^{-x}}

Solução geral: y ( x ) = C e x {\displaystyle y(x)=Ce^{-x}} (C constante)

As soluções se classificam em:

  • Solução geral - apresenta n constantes independentes entre si (n=ordem da EDO). Essas constantes, de acordo com a conveniência, podem ser escritas C , 2 C , C 2 , ln C , . . . {\displaystyle C,2C,C^{2},\ln {C},...}
  • Solução particular - obtida da geral, mediante condições dadas (chamadas condições iniciais ou condições de contorno).[3]

Métodos para resolução de EDO

A habilidade em encontrar soluções exatas em geral depende da habilidade em reconhecer certos tipos de equações diferenciais e da aplicação de um método específico. Em outras palavras, o que funciona para um tipo de equações diferenciais não necessariamente se aplica a outro tipo.[4] Os métodos mais conhecidos são:

Os métodos citados são todos analíticos, ou seja, a solução pode ser encontrada de forma explícita. Duas formas adicionais são aplicadas:

Referências

  1. E. Boyce, William; Diprima, Richard C. (2006). Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno oitava ed. Rio de Janeiro: LTC. ISBN 978-85-216-1499-9  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  2. «Equações Diferenciais Ordinárias» (PDF). Consultado em 15 de dezembro de 2017 
  3. «Equações Diferenciais». Consultado em 26 de outubro de 2012 
  4. «Equações Diferenciais de Variáveis Separáveis». Consultado em 6 de novembro de 2012 

Ver também

Ligações externas

  • «CEFET/RJ matéria de E.D.O.». [ligação inativa] 
  • «EDO» 
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