Medida (matemática)

imagem representando a medida

Em matemática, uma medida é uma função que atribui um valor aos subconjuntos de um conjunto S.[1] Quando a medida é positiva e a medida de S é 1, diz-se que a medida é uma probabilidade.

Medida positiva (+)

Uma medida positiva definida numa σ-algebra X de subconjuntos de um conjunto S é uma função μ : X [ 0 , ) {\displaystyle \mu :X\to [0,\infty )\,\!} tal que:

  • μ ( ) = 0 {\displaystyle \mu (\emptyset )=0}
  • μ ( i = 1 E i ) = i = 1 μ ( E i ) {\displaystyle \mu \left(\bigcup _{i=1}^{\infty }E_{i}\right)=\sum _{i=1}^{\infty }\mu (E_{i})} , para qualquer coleção enumerável de conjuntos de X, disjuntos dois a dois.

Os elementos, neste caso conjuntos, de X chamam-se conjuntos X-mensuráveis (ou apenas conjuntos mensuráveis).

São conseqüências diretas da definição de medida postiva:

  • Não-negatividade:
μ ( E ) 0 ,     E X {\displaystyle \mu (E)\geq 0,~~\forall E\in X\,}

Prova:

  • Monotonicidade
A B μ ( A ) μ ( B ) ,       A , B X {\displaystyle A\subseteq B\Longrightarrow \mu (A)\leq \mu (B),~~~\forall A,B\in X\,}
Prova: Como A B {\displaystyle A\subseteq B} , vale que B = A ( B A ) {\displaystyle B=A\cup (B\backslash A)} , sendo esta união disjunta. Logo, da definição de medida, vale que μ ( B ) = μ ( A ) + μ ( B A ) μ ( A ) {\displaystyle \mu (B)=\mu (A)+\mu (B\backslash A)\geq \mu (A)} , pela não-negatividade de μ {\displaystyle \mu } .

Exemplos

  • μ ( E ) = { 0 , E = 1 , E = S {\displaystyle \mu (E)=\left\{{\begin{array}{ll}0,&E=\emptyset \\1,&E=S\end{array}}\right.}

Neste caso, a sigma-Álgebra tem apenas dois elementos: o conjunto vazio e o conjunto universo.

  • Medida de Dirac:
δ x 0 ( E ) = { 1 , x 0 E 0 , c . c . {\displaystyle \delta _{x_{0}}(E)=\left\{{\begin{array}{ll}1,&x_{0}\in E\\0,&c.c.\end{array}}\right.}


  • As medidas de Borel e de Lebesgue em R {\displaystyle \mathbb {R} } verificam a propriedade λ [ a , b ] = b a {\displaystyle \lambda [a,b]=b-a\,\!}

Medida complexa

Uma medida complexa numa σ-algebra X sobre um conjunto S é uma função μ : X C {\displaystyle \mu :X\to \mathbb {C} \,\!} tal que:

  • μ ( ) = 0 {\displaystyle \mu (\emptyset )=0}
  • μ ( i = 1 E i ) = i = 1 μ ( E i ) {\displaystyle \mu \left(\bigcup _{i=1}^{\infty }E_{i}\right)=\sum _{i=1}^{\infty }\mu (E_{i})} , para qualquer colecção enumerável de conjuntos de X, disjuntos dois a dois.

Em especial, a soma desta série é invariante quando a ordem da partição é trocada. Logo a definição de medida complexa exige que a série seja absolutamente convergente.

Exemplos

  • Seja f : R C {\displaystyle f:\mathbb {R} \to \mathbb {C} \,} uma função complexa Lebesgue integrável. Então
ν ( E ) := E f ( x ) d μ {\displaystyle \nu (E):=\int _{E}f(x)d\mu \,} define uma medida complexa nos conjuntos Lebesgue mensuráveis de R . {\displaystyle \mathbb {R} .}

Propriedades

Algumas medidas possuem propriedades adicionais:

  • Medida completa:
Se Z {\displaystyle Z\,} tem medida zero, então todo subconjunto de Z é mensurável (e tem medida zero pela monotonicidade.)
  • Medida invariante por translações:
μ ( A + λ ) = μ ( A ) ,     A X {\displaystyle \mu (A+\lambda )=\mu (A),~~\forall A\in X\,} , onde A + λ = { x + λ : x A } {\displaystyle A+\lambda =\{x+\lambda :x\in A\}}

(contanto que a soma esteja bem definida no espaço em questão.)

  • Medida de Borel:
Os abertos e portanto todos os conjuntos borelianos são mensuráveis.
  • Regularidade interior:
μ ( A ) = sup K A μ ( K ) ,     A X {\displaystyle \mu (A)=\sup _{K\subseteq A}\mu (K),~~\forall A\in X} e K {\displaystyle K\,} são compactos.
  • Regularidade exterior:
μ ( A ) = inf A V μ ( V ) ,     A X {\displaystyle \mu (A)=\inf _{A\subseteq V}\mu (V),~~\forall A\in X} e V {\displaystyle V\,} são abertos.
  • Medida finita: o espaço inteiro tem medida finita.
μ ( S ) < {\displaystyle \mu (S)<\infty \,}
  • Medida σ {\displaystyle \sigma -} finita: o espaço inteiro pode ser escrito como a união enumerável de conjuntos de medida finita.
S = n = 1 E n ,     μ ( E n ) < {\displaystyle S=\bigcup _{n=1}^{\infty }E_{n},~~\mu (E_{n})<\infty }
  • Medida localmente finita: todo compacto é mensurável e tem medida finita
μ ( K ) < {\displaystyle \mu (K)<\infty \,} , para todo compacto K {\displaystyle K\,}

Referências

  1. Fernando de Bernardini, Diego (2007). «monografiaDiego» (PDF). Universidade Estadual de Campinas. Distribuições Subexponenciais Introdução e Exemplos: 15. Consultado em 20 de abril de 2024 


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O Wikilivros tem um livro chamado Medida e integração